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Oposição busca amenizar maioria chavista
Com novas caras, opositores devem voltar à Assembleia Nacional no domingo, de onde estão ausentes desde 2005
Objetivos de partidos são impedir que Hugo Chávez tenha maioria qualificada e vencer na contagem geral de votos
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
Virtualmente impossibilitada de capturar a maioria
simples no Parlamento da
Venezuela, a oposição aposta em obter duas vitórias na
votação do próximo domingo: impedir o chavismo de
manter a maioria qualificada
e ganhar na contagem geral
de votos no país.
A oposição tem seus bastiões em 8 dos 24 Estados (incluindo o Distrito Federal), e,
por conta da distribuição das
cadeiras e pelas mudanças
pró-governo na legislação,
nem os mais aguerridos opositores falam de obter a maioria da Assembleia Nacional.
Por isso, o número mágico
a perseguir pela MUD (Mesa
de Unidade), a coalizão que
aglutinou diversos antichavistas, são 56 das 165 vagas.
Isso seria suficiente para
impedir Hugo Chávez de passar leis orgânicas na Casa,
como o governo fez nos últimos cinco anos de domínio
do Legislativo.
A oposição parte de um piso de 39 parlamentares, tido
o histórico de votações, e um
deles será Maria Corina, 42,
ex-presidente da ONG opositora Súmate. Ela é candidata
pelo mais emblemático distrito da oposição, que abrange zonas nobres de Caracas.
Ironicamente, Corina foi
uma militante da abstenção
na eleição legislativa de
2005, boicotada pela oposição. Ao contrário de grande
parte dos colegas, ela resiste
a admitir o erro da estratégia.
"O segredo de voto não estava garantido. Agora está",
disse à Folha. Horas depois,
Hugo Chávez diria na TV que
"seria ideal enfrentar essa
burguesinha" nas presidenciais de 2012.
Apesar da eleição garantida, Corina é uma das mais
ativas na campanha, com horas de caminhada porta a
porta e spots na TV e na internet. "Somos maioria" é o slogan que ela espalha por todos os lados, inclusive fora
do seu distrito.
Ela explica: "Eu entrei em
lugares que a oposição não
poderia nem pisar há alguns
anos. Vamos mostrar que somos maioria. A opção é simples: comunismo à cubana
ou democracia à venezuelana", afirma.
A estratégia é lutar por cada voto para conseguir maior
votação geral e desferir um
golpe simbólico a Chávez: o
de mostrar que lhe faltará legitimidade para radicalizar a
revolução, como promete fazer depois de domingo.
A meta não está longe. De
acordo com as pesquisas de
projeção nacional, as forças
não chavistas -MUD e os
dissidentes chavistas do PPT
(Patria Para Todos)- estão
praticamente empatados
com os governistas.
Ainda assim, a campanha
não parece fácil. Corina e outros falam do "terror" dos
empresários em doar às suas
campanhas temendo represálias do governo, sem falar
do uso aberto da máquina
pública.
FALTA DE RENOVAÇÃO
Para Oscar Schemel, do
instituto de pesquisa Hinterlaces, considerado próximo à
oposição, a MUD sofre também com seus próprios erros.
O primeiro, diz, é pregar a
convertidos: reverberar Chávez e falar contra comunismo
ou liberdade de expressão
quando deveria martelar nas
crises simultâneas que o governo enfrenta -recessão
econômica, altos índices de
violência e variadas crises setoriais, como a energética
(leia texto nesta página).
"A oposição sofre de insensibilidade. Não entendeu
o país que surgiu depois de
1998 e não se renovou", diz.
Para Schemel, a novidade
do cenário eleitoral está no
PPT do popular governador
de Lara, o ex-chavista Henri
Falcón, que prega contra a
"polarização interessada"
entre governo e oposição e
fala de "revolução eficiente".
Seu Estado é o único onde
há três forças em disputa:
MUD, Chávez e PPT.
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