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Retorno de apagões expõe falta de investimento e afeta governo
Crise energética atinge principalmente bastiões chavistas
DE CARACAS
Em plena temporada de férias, um dos destinos turísticos mais famosos da Venezuela, a Ilha Margarita, é das
zonas do país que mais sofrem com as quedas de energia e apagões, por conta da
crise elétrica que se arrasta
desde o final de 2009.
Na semana passada, moradores da ilha saíram para
as ruas para bater panelas, e
o governo Hugo Chávez acusou o governador local, de
oposição, de insuflar as massas com intenções eleitorais.
No resto do país, onde
também voltaram a ocorrer
apagões, a acusação foi de
sabotagem.
Tenha o governador Morel
Rodríguez Ávila ajudado nos
protestos ou não, o certo é
que horas depois o comissário nacional para Distribuição e Comercialização Elétrica, Joaquín Osório, afirmou
na TV estatal:
"Em Nova Esparta [onde fica Margarita] temos de assumir a nossa responsabilidade. Há um desequilíbrio entre oferta e demanda e estamos trabalhando para resolver o mais rápido possível".
A retórica de Osório, que
assumiu o cargo no semestre
passado, não casa com o discurso do resto do governo,
que culpou especialmente o
fenômeno climático do El Niño pela crise.
Para especialistas, sem
dúvida a maior seca em décadas afetou o fornecimento de
energia na Venezuela, excessivamente dependente de
um único reservatório, a represa de Guri, que gera 70%
da energia do país.
Mas chegaram as chuvas
e, no começo de setembro, o
governo teve até de abrir parte das eclusas da hidrelétrica.
Veio à tona, então, a outra
causa da crise, uma das responsáveis pelo recuo de
5,8% na economia no primeiro trimestre: o atraso de ao
menos cinco anos nos planos
de investimento do setor e de
manutenção.
A crise afeta principalmente os Estados de Aragua,
Barinas (terra natal do presidente Chávez), Falcón e Cojedes. Uma das características
comuns das regiões é serem
bastiões governistas, daí o
alerta do governo, que teme
que o voto castigo provoque
surpresas na votação de domingo.
A irritação dos Estados
tem um motivo adicional: no
começo de junho, Chávez fez
cadeia nacional de TV para
anunciar o fim da crise energética. Começaria a Copa do
Mundo, e não haveria mais
apagões.
O comissário da Distribuição e Comercialização Elétrica Osório, porém, não põe
panos quentes.
Afirma que, com a volta
das chuvas, o mais grave
agora são as redes de distribuição.
A sobrecarga tem feito estourar turbinas e transformadores especialmente. Sem falar de falhas básicas: "São sete anos sem fazer o ABC. Poda de árvores", disse.
Nem Caracas, blindada pelo governo no plano de racionamento do governo, escapou. Na região de Palo Verde,
no leste da cidade, um apagão no último dia 5 durou 8
horas. A principal linha de
metrô de Caracas ficou paralisada em parte da manhã.
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