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GUERRA SEM LIMITES
Germe encontrado em material enviado ao "New York Times" não oferece perigo, diz Fiocruz
Carta enviada a jornal no Rio não tinha antraz
ROSAYNE MACEDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Não era antraz o microorganismo existente no material recebido
na terça-feira passada pelo escritório do jornal americano "The
New York Times" no Rio de Janeiro. Ao meio-dia de ontem o
presidente da Fiocruz (Fundação
Oswaldo Cruz), Paulo Buss, divulgou o resultado do exame de cultura do material e afirmou que foi
constatada a presença de um germe que, segundo ele, não oferece
perigo a seres humanos.
"No Brasil não temos bioterroristas, só bioengraçadinhos. Poderia dizer também biobabacas",
disse Buss. Segundo ele, o germe
existente no material enviado ao
escritório do jornal americano,
que ele definiu como um "contaminante ambiental" existente na
natureza, já havia sido encontrado em outras das mais de 60
amostras de pó suspeitas enviadas à fundação para exame desde
que começaram a aparecer as suspeitas de presença do antraz no
Brasil, há duas semanas.
Buss definiu a substância encontrada no envelope enviado ao
escritório do "The New York Times" como "uma sujeirinha" que
estava junto com um convite. Ele
disse ainda que o exame de cultura vai prosseguir e que amanhã
será divulgado qual o nome do
germe contido no material.
Serra
A suspeita de que a carta continha antraz surgiu anteontem,
quando a direção do "The New
York Times" distribuiu um comunicado interno informando
ter sido comunicada por "autoridades brasileiras" que o exame
preliminar feito no material recebido por seu escritório no Rio indicou a presença de "esporos
compatíveis com o antraz".
Ontem à tarde o ministro da
Saúde, José Serra, negou em entrevista que o governo brasileiro
tenha dado essas informações ao
jornal. "Não partiu do Ministério
da Saúde ou da Fiocruz esse tipo
de informação", afirmou.
Para ele, o jornal americano interpretou como indício da presença de antraz o fato de seus empregados terem colhido material
para exame e tomado remédio
contra a bactéria.
Serra iria divulgar o resultado
do exame ao meio-dia de ontem,
mas pouco antes a incumbência
foi transferida ao presidente da
Fiocruz porque o ministro teria ficado retido em São Paulo por causa do mau tempo.
Na sexta-feira, a Fiocruz negou
o tempo todo o encontro de bactéria no material e a divulgação de
qualquer resultado preliminar.
A carta suspeita foi postada em
Nova York, no dia 5 deste mês,
sem identificação do remetente,
endereçada ao correspondente do
"The New York Times" no Rio,
Larry Rohter. Ela chegou ao escritório, em Ipanema (zona sul), na
terça-feira, dia 16, e não teria chegado a ser aberta no local.
O escritório do jornal americano no Rio tem quatro funcionários. A jornalista Mery Galanternick, membro da equipe, disse
que todos eles foram ao hospital
São Sebastião (Caju, zona norte),
especializado em tratamento de
doenças epidemiológicas, para
colher material da mucosa nasal
para exames.
Ela confirmou que todos os funcionários foram medicados preventivamente com o antibiótico
Cipro. A Folha fez contato com o
correspondente Larry Rohter,
mas ele preferiu não fazer nenhum declaração.
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