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Empresa paulista vende antiantraz pela internet
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Pânico para uns, oportunidade
de lucro para outros.
Enquanto o governo norte-americano começa a combater
com rigor a importação e a venda
pela internet de medicamentos
contra a bactéria antraz, uma revendedora brasileira de remédios
ganha dinheiro nos EUA com o
temor de um ataque biológico
maciço.
A Pharmacy International, uma
empresa de São Paulo com ramificações na Malásia, passou a vender nos EUA, pela internet e sem
exigência de receita, o medicamento Cipro e outros antibióticos
produzidos no Brasil que seriam
eficazes no combate ao antraz.
A empresa brasileira associou-se a um comerciante de Connecticut que ganhara espaço na mídia
quando sua empresa, a Defcon
Tech, passou a vender máscaras
de gás e "pílulas de potássio contra a radiação nuclear". Com essa
associação, a empresa imaginou
estar driblando leis norte-americanas que proíbem a venda de remédios estrangeiros nos EUA,
mas não conseguiu conter as críticas.
"Além de serem ilegais, websites
como esse lucram com o temor
das pessoas", disse à Folha Carmen Catizone, diretora executiva
da Associação Nacional dos Conselhos de Farmácias. "Negócios
que misturam a venda de remédios com a venda de máscaras de
gás são vergonhosos."
Negócio milionário
As operações das duas empresas (feitas pelo site www.defcontech.com:8080/tech) começaram
dias depois que um funcionário
de um tablóide na Flórida transformou-se na primeira vítima fatal da bactéria antraz. "Recebemos diariamente cerca de mil
consultas e 50 pedidos", disse à
Folha o empresário Paul Nash, o
sócio norte-americano da empresa brasileira.
A julgar pelo preço médio de todos os remédios oferecidos no site, calcula-se que suas vendas
atinjam US$ 10 mil por dia. "Nosso compromisso é permitir aos
norte-americanos que garantam
sua própria proteção sem esperar
uma ação do governo. Se formos
vítimas de um ataque bioterrorista maciço, poderá ser tarde demais."
O responsável pela Pharmacy
International não atendeu os pedidos da Folha para uma entrevista. Seu primeiro nome é Jamil e
ele mora em São Paulo.
Além do medicamento Cipro,
da Bayer, e de sua versão genérica,
o site também vende produtos como Doxycycline, outro antibiótico indicado pelo governo norte-americano como sendo eficaz no
combate ao antraz.
Os remédios vendidos por Jamil
e Nash são produzidos no Brasil e
vendidos sem receita nos EUA.
"A lei norte-americana permite a
importação do suprimento pessoal de três meses de remédios
não controlados", disse Nash. "O
Cipro não é um medicamento
controlado e, portanto, não exige
receita."
A importação de remédios nos
EUA sempre foi motivo de inquietação das farmácias norte-americanas que temem a competição arrasadora dos preços internacionais de medicamentos. Remédios são muito mais baratos
fora dos EUA do que dentro do
país.
Na sexta-feira, o governo determinou a apreensão de todos os remédios contra o antraz importados por norte-americanos e ainda
não entregues.
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