São Paulo, domingo, 21 de outubro de 2001

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AFEGANISTÃO
Tropas de elite realizam operação-relâmpago em aeroporto e centro de comando do Taleban

EUA atacam Candahar por terra

DA REDAÇÃO

Tropas especiais dos EUA realizaram ontem uma operação-relâmpago na cidade de Candahar, no Afeganistão, considerada quartel-general do regime extremista Taleban, que controla a maior parte do território afegão.
Essa foi a primeira ação terrestre das forças militares dos EUA contra uma grande cidade afegã desde o início da ofensiva. Nas primeiras duas semanas, as ações ficaram restritas a ataques aéreos. Agora, com os ataques por terra, de acordo com o Pentágono, estaria sendo iniciada uma nova fase da ofensiva dos EUA.
Participaram da operação em Candahar entre 100 e 200 soldados do grupo de elite Rangers, dos EUA, especializado em ações rápidas e noturnas por terra, mar e ar, em qualquer lugar do mundo. Os militares foram transportados de helicópteros para dentro do território afegão e atacaram o aeroporto de Candahar e um grande centro de comando do Taleban. O lugar é considerado uma das residências do mulá Mohamad Omar, líder supremo do Taleban.
As tropas norte-americanas sabiam que havia poucas chances de capturar integrantes do Taleban. Seu principal objetivo foi recolher material de inteligência que contribua para localizar membros do governo afegão e da Al Qaeda. O centro de comando atacado ontem era visto pelos EUA como fonte potencial de material de inteligência. Nas instalações, as tropas buscaram mapas, documentos, fotos, correspondências, disquetes e equipamentos de comunicação.
Ontem, dois soldados dos EUA teriam ficado feridos enquanto saltavam de pára-quedas.
O Taleban nega que tropas terrestres dos EUA tenham atacado a cidade de Candahar e afirmam ter derrubado um helicóptero norte-americano anteontem. Os EUA reconhecem que perderam um helicóptero, mas negam que tenha sido derrubado por forças do Afeganistão. Dois soldados dos EUA morreram.
De acordo com informações do Ministério das Relações Exteriores do Paquistão, dois tripulantes teriam saído ilesos do acidente e outro ficou ferido.
Porém, segundo o Pentágono, o acidente com o helicóptero modelo Blackhawk aconteceu fora do território afegão. A queda teria ocorrido na cidade de Dalbandin, no Paquistão, a cerca de 75 km a sudeste da fronteira com o Afeganistão. O helicóptero realizava uma operação de resgate. Não se sabe o aparelho estava indo em direção ao Afeganistão ou se retornava de alguma operação no país controlado pelo Taleban.

Sacrifícios
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, afirmou em Xangai (China), onde participa de uma reunião da Apec (Fórum Econômico da Ásia Pacífico), que, a luta contra o terrorismo será longa e necessitará de sacrifícios.
Os dois militares mortos no acidente de helicóptero "não morreram em vão", segundo o presidente dos EUA. "Morreram por uma causa justa", afirmou após se reunir com o primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, na cidade chinesa.
O líder norte-americano finalizou afirmando ser difícil encontrar palavras para a sua gratidão pelos soldados norte-americanos que morreram anteontem.

Bombardeios
Simultaneamente à operação-relâmpago em Candahar, os EUA prosseguiram os ataques aéreos a essa cidade, a Cabul, capital do Afeganistão, a Herat e à Província de Samangan, no norte do país.
Os alvos dos EUA são as instalações militares do Taleban, as lideranças do regime e a rede terrorista Al Qaeda, comandada pelo saudita Osama bin Laden, acusado de envolvimento nos atentados contra Nova York e o Pentágono.
Os Estados Unidos admitem que alguns civis foram mortos nos bombardeios, entre eles quatro funcionários da ONU. Um prédio da Cruz Vermelha Internacional também foi atingido.
O Taleban afirma, por sua vez, que o número de mortos civis chega a 900. A estrutura militar estaria em boas condições para enfrentar ataques terrestres dos EUA. Segundo o regime, as lideranças do Taleban e Bin Laden estão vivos e em local seguro.


Com agências internacionais


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