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GUERRA SEM LIMITES
Conclusão provisória de investigação exclui falhas estruturais como fator central no desabamento das torres
Relatório isenta projeto de culpa pela queda do WTC
ERIC LIPTON
DO "NEW YORK TIMES"
Depois de conduzir a mais sofisticada análise de construção de
edifício na história dos EUA, investigadores federais chegaram à
visão mais clara até agora da seqüência de eventos que conduziu
à queda das torres do World Trade Center, excluindo em grande
medida uma falha de projeto nos
edifícios como fator crucial.
Desde o atentado de 11 de setembro de 2001, as famílias das vítimas e alguns especialistas em segurança em incêndios vinham difundindo dúvidas quanto à possibilidade de uma proteção insuficiente contra incêndios ou uma
fraqueza incomum nos pisos inovadores e leves do edifício terem
desempenhado papel crítico.
Em lugar disso, a conclusão
temporária dos investigadores,
apresentada em quase 500 páginas de documentos divulgadas
anteontem, é que as torres caíram
porque as colunas estruturais do
cerne dos edifícios, danificadas
pelo impacto dos aviões, se deformaram e encurtaram sob o efeito
dos incêndios, como isso deslocando uma carga maior para as
colunas externas que eram características das torres. Essas colunas
externas acabaram por sofrer um
estresse e calor tão extraordinários que cederam.
Baseada na análise de milhares
de fotos e vídeos, no exame de
quase todos os elementos usados
para construir as torres e na construção de cuidadosos modelos
computadorizados dos impactos
dos aviões e dos incêndios que se
alastraram, a análise ainda não está completa -deve ficar pronta
no final do ano.
O chefe da investigação, S.
Shyam Sunder, e outros engenheiros que estudaram o colapso
das torres disseram que as evidências apontam cada vez mais
para a idéia de que as estruturas
gigantes apresentaram desempenho relativamente bom em 11 de
setembro de 2001, em vista das
condições extremas que enfrentaram, incluindo temperaturas que
superaram 1.000C.
Os investigadores disseram que
é certo que elementos do projeto e
da construção das torres ajudaram a determinar o tempo que os
edifícios se conservaram em pé.
Para eles, edifícios que tivessem
sido projetados de outra maneira
-por exemplo com poços de escadas de emergência mais protegidos e espaçados- poderiam ter
resultado em menos mortes.
Mas as falhas mais graves identificadas no World Trade Center
não dizem respeito à concepção
ou à construção das torres. Elas
foram identificadas principalmente na reação dos departamentos de polícia e de bombeiros
de Nova York, prejudicada por
um sistema de comando inadequado, equipamentos de comunicação pouco confiáveis e um sistema de repasse de informações e
instruções que não comportou a
sobrecarga naquele dia.
Mas as descobertas não exoneram de culpa nem os projetistas
nem a proprietária dos edifícios, a
Autoridade Portuária de Nova
York e Nova Jersey, que, ao defender o projeto do WTC, nos anos
1960, afirmava que a obra projetada seria tão forte que as torres poderiam ser atingidas por um avião
a jato deslocando-se a 960 km/h
sem cair ou colocar em risco a vida de seus ocupantes, fora da zona do impacto.
Sally Regenhard, que fundou o
grupo Campanha de Segurança
em Arranha-Céus, em homenagem a seu filho Christian Regenhard, bombeiro que foi uma das
2.749 vítimas do atentado, disse
que não está disposta a admitir
que não havia falhas fundamentais no design dos edifícios.
"Ainda é muito cedo para concluir que a culpa não foi dos edifícios ou que não havia nada de errado com eles", disse ela.
Os investigadores já examinaram praticamente todos os elementos possíveis que poderiam
ter ajudado a provocar a queda,
entre eles o aço utilizado nas colunas.
Tradução de Clara Allain
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