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MISSÃO NO CARIBE
Itamaraty quer acelerar reconstrução
Brasil negocia com Banco Mundial liberação de verba para o Haiti
FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO
O Brasil lançou ofensiva diplomática para acelerar o início de
obras de infra-estrutura no Haiti e
tentar assegurar uma "conciliação nacional" para a realização
das eleições previstas para novembro de 2005, mas ameaçadas
pela crescente violência no país.
Na semana passada, o embaixador do Brasil nos EUA, Roberto
Abdenur, se reuniu com o presidente do Banco Mundial (Bird),
Enrique Iglesias, e pediu que a
verba -de mais de US$ 100 milhões- seja liberada urgentemente para projetos rodoviários,
energéticos e de coleta de lixo.
O Itamaraty avalia que é necessária uma flexibilização dos procedimentos do Bird. Sem citar o
Bird, o chanceler Celso Amorim,
cobrou, na semana passada, a liberação imediata de recursos para o Haiti. Segundo o porta-voz
do Itamaraty, Ricardo Neiva Tavares, "há muita disposição de
ajudar o Haiti" no Bird.
Além disso, a diplomacia brasileira decidiu enviar um mediador
ao país. O escolhido foi Ricardo
Seitenfus, especialista em relações
internacionais. Deve chegar hoje
ao Haiti, onde ficará durante três
semanas assessorando o chefe diplomático da missão da ONU, o
chileno Juan Gabriel Valdez. Seitenfus quer se reunir com lideres
das principais forças políticas.
Também está prevista uma visita do assessor internacional do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio Garcia. Deve
chegar a Porto Príncipe no fim da
semana que vem. Na semana passada, o Itamaraty já havia enviado
o embaixador José Eduardo Felício, do gabinete de Amorim.
Desde o fim de setembro, partidários do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide têm feito violentos
protestos em Porto Príncipe, que
já deixaram dezenas de mortos.
Um soldado brasileiro foi baleado, mas já foi reintegrado à tropa.
Ontem foram ouvidos tiros
num bairro em que se concentram os simpatizantes de Aristide.
A polícia local disse precisar de
mais ajuda, citando penúria de armas e problemas com oficiais
que, supostamente, estão colaborando com gangues armadas.
Outro grupo que preocupa é o
dos ex-militares, que controlam a
cidade de Petit-Goâve (oeste de
Porto Príncipe) e vêm ameaçando
atacar os partidários de Aristide, a
quem eles ajudaram a depor com
um violento levante. Segundo a
inteligência militar brasileira, há o
risco do aumento no número de
ataques violentos aos "capacetes
azuis" nos próximos seis meses.
Para o Itamaraty, no entanto, a
ofensiva diplomática está dentro
do que foi previsto inicialmente,
quando o Brasil assumiu o comando militar da missão da ONU
no Haiti. "Sempre dissemos que a
missão no Haiti era de médio e
longo prazo, de reconstrução do
país", disse Tavares.
Ele também negou que o envio
de Seitenfus esteja ligado a declarações recentes do comandante
da Minustah, o general brasileiro
Augusto Heleno Ribeiro Pereira,
ligando a violência a declarações
do candidato democrata à Presidência dos EUA, John Kerry.
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