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ORIENTE MÉDIO
Hariri liderou a reconstrução de Beirute
Premiê do Líbano renuncia após racha com presidente pró-Síria
DA REDAÇÃO
O bilionário premiê libanês, Rafik Hariri, renunciou ao cargo ontem, acrescentando que não pretende formar um novo governo
antes das eleições parlamentares
de maio de 2005.
A saída de Hariri ocorre em
meio a um aumento das pressões
internacionais para que a Síria retire suas tropas e pare de interferir
na vida política do Líbano.
O premiê era considerado até
ontem a mais forte figura da política libanesa, capaz de fazer frente
à influência síria, que se dá por
meio principalmente do presidente Emile Lahoud. Os dois
principais líderes libaneses nunca
se deram bem, e a divisão entre
eles se acentuou em setembro.
Analistas divergiam ontem se a
saída de Hariri é uma jogada para
ele voltar ao poder fortalecido
após as eleições de maio ou se indica um incremento da influência
da Síria.
"Hariri não aceita ser um fantoche de Damasco", afirmou o analista Ali Hamadeh, do diário libanês "An Nahar". "E isso talvez não
seja o fim [da carreira dele]." Já o
editor-executivo do diário "As Safir", Sateh Noureddine, afirmou
que a saída de Hariri "fortalece a
presença síria no Líbano".
No mês passado, Lahoud, que
deveria deixar o cargo neste ano,
teve o mandato prorrogado por
mais três anos. Hariri ficou insatisfeito com a medida e em Beirute já se cogitava a sua renúncia.
O premiê, que também tem cidadania saudita, assumiu o cargo
pela primeira vez em 1992, deixando o posto entre os anos de
1998 e 2000. Ele é considerado o
pai da reconstrução de Beirute, cidade cujo centro foi devastado
durante a guerra civil (1975-90).
Opositores de Hariri o acusam
de ter endividado o país na reconstrução da capital libanesa. Já
os seus simpatizantes dizem que
ele investiu o próprio dinheiro.
Após reunião com Hariri na
noite de ontem, o embaixador
americano Jeffrey Feltman afirmou que o futuro governo libanês
deve ser livre "para tomar decisões sem a interferência estrangeira", referência à Síria.
Ainda não está definido quem
será o novo premiê. A única certeza é que ele será muçulmano sunita, conforme prevê acordo entre
as religiões do país, que determina ainda que o presidente seja
cristão maronita.
Com agências internacionais
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