São Paulo, quinta-feira, 21 de outubro de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Hariri liderou a reconstrução de Beirute

Premiê do Líbano renuncia após racha com presidente pró-Síria

DA REDAÇÃO

O bilionário premiê libanês, Rafik Hariri, renunciou ao cargo ontem, acrescentando que não pretende formar um novo governo antes das eleições parlamentares de maio de 2005.
A saída de Hariri ocorre em meio a um aumento das pressões internacionais para que a Síria retire suas tropas e pare de interferir na vida política do Líbano.
O premiê era considerado até ontem a mais forte figura da política libanesa, capaz de fazer frente à influência síria, que se dá por meio principalmente do presidente Emile Lahoud. Os dois principais líderes libaneses nunca se deram bem, e a divisão entre eles se acentuou em setembro.
Analistas divergiam ontem se a saída de Hariri é uma jogada para ele voltar ao poder fortalecido após as eleições de maio ou se indica um incremento da influência da Síria.
"Hariri não aceita ser um fantoche de Damasco", afirmou o analista Ali Hamadeh, do diário libanês "An Nahar". "E isso talvez não seja o fim [da carreira dele]." Já o editor-executivo do diário "As Safir", Sateh Noureddine, afirmou que a saída de Hariri "fortalece a presença síria no Líbano".
No mês passado, Lahoud, que deveria deixar o cargo neste ano, teve o mandato prorrogado por mais três anos. Hariri ficou insatisfeito com a medida e em Beirute já se cogitava a sua renúncia.
O premiê, que também tem cidadania saudita, assumiu o cargo pela primeira vez em 1992, deixando o posto entre os anos de 1998 e 2000. Ele é considerado o pai da reconstrução de Beirute, cidade cujo centro foi devastado durante a guerra civil (1975-90).
Opositores de Hariri o acusam de ter endividado o país na reconstrução da capital libanesa. Já os seus simpatizantes dizem que ele investiu o próprio dinheiro.
Após reunião com Hariri na noite de ontem, o embaixador americano Jeffrey Feltman afirmou que o futuro governo libanês deve ser livre "para tomar decisões sem a interferência estrangeira", referência à Síria.
Ainda não está definido quem será o novo premiê. A única certeza é que ele será muçulmano sunita, conforme prevê acordo entre as religiões do país, que determina ainda que o presidente seja cristão maronita.


Com agências internacionais


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