São Paulo, terça-feira, 21 de outubro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / PARTICIPAÇÃO POPULAR

Votação antecipada muda dinâmica das campanhas

Eleitores já podem votar pelo correio ou pessoalmente na maioria dos Estados

No Colorado, metade dos eleitores pediu formulários para a prática; espera-se que 30% do eleitorado sele sua escolha antes do dia 4

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Para milhares de eleitores do Colorado e da Flórida, Estados onde a corrida à Casa Branca continua indefinida, as surpresas e reviravoltas das campanhas do republicano John McCain e do democrata Barack Obama de hoje até a eleição em 4 de novembro não farão a menor diferença. Nesses Estados, assim como em Alasca, Arkansas, Idaho e Dakota do Norte, foram abertas ontem sessões eleitorais onde já é possível dar o voto sem nem mesmo explicar o porquê do adiantamento.
Hoje, seguem o exemplo Havaí e Louisiana, também parte de um total de 31 Estados que permitem o voto antecipado em pessoa sem justificativa.
Outra forma de eleição antecipada, o voto pelo correio, já está a todo vapor. É possível votar desse jeito em todos os 50 Estados, e em 28 deles não há necessidade de justificativa.
Apesar de tradicional, o voto antecipado poderá transformar a eleição deste ano: segundo projeções do Centro Pew para os Estados, mais de 30% dos eleitores já terão votado antes de 4 de novembro, um aumento de dez pontos percentuais em relação à eleição de 2004 e de 15 pontos sobre a de 2000.
O Colorado é um dos maiores exemplos da onda. Além das sessões antecipadas, quase 50% dos eleitores -1,4 milhão de pessoas- solicitaram formulários de votação pelo correio neste ano. Em 2004, o número foi de 668 mil.
A novidade chamou atenção das campanhas. Sem maioria sólida para nenhum partido (Obama está à frente com 50,6% a 44,6%), o Estado é alvo de uma furiosa corrida entre republicanos e democratas para assegurar votos antes de novembro. Enquanto democratas estimulam reuniões e festas para votação antecipada em grupo, republicanos entregam pessoalmente panfletos informativos em casas onde houve pedidos de formulários. E, atenta à abertura das sessões eleitorais, a candidata a vice republicana, Sarah Palin, fez comícios ontem no Colorado.
A Flórida, também sem preferência clara, é outro alvo do esforço das campanhas para acumular votos antes de novembro. A expectativa do Pew é que 40% dos votos sejam antecipados no Estado.
Virgínia, Kentucky e Geórgia foram alguns dos primeiros a começar o voto antecipado, ainda no mês passado -os dois primeiros exigem justificativa. Na Geórgia, onde não é preciso dar explicação, o governo estadual estimula o voto antecipado e estima que receberá 1 milhão deles até 4 de novembro -25% do total. "Não queremos que os eleitores tenham que esperar nas filas no próximo dia 4", disse a secretária de Estado local, Karen Handel.

Beneficiados
A vantagem de Obama no cenário nacional (49,8% a 44%, segundo média do o Real Clear Politics), para muitos, pode indicar que o voto hoje -isolado das armadilhas das campanhas até novembro- beneficiará os democratas.
A campanha de Obama crê que o eleitorado jovem, uma das bases de seu apoio, compareça em maiores números devido à flexibilidade de data.
David Epstein, especialista em eleições da Universidade Columbia, é um dos que acreditam nisso. Ele afirma que o aumento da participação antecipada resultará em maior comparecimento geral neste ano -algo que no passado não aconteceu.
Além disso, seria mais uma prova da animação em torno da disputa atual, especialmente por causa de Obama. "Esses sinais de energia e alto comparecimento indicam vantagem para os democratas, que tiveram grande aumento de registro de eleitores em 2008."
Porém, para Dan Seligson, editor do site Electionline.org -projeto do Centro Pew para os Estados-, tanto democratas quanto republicanos lucram com o aumento do voto antecipado. "Quem vota antes se decidiu rápido. Geralmente são eleitores fiéis de cada partido. Mas, com esses votos assegurados, Obama e McCain poderão concentrar suas campanhas nos indecisos, que na prática decidirão a eleição", afirmou à Folha.


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