São Paulo, domingo, 21 de novembro de 2004

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DIPLOMACIA

Assento permanente no Conselho de Segurança é prioridade; reclamações e acordos devem marcar visita histórica

Brasil espera apoio de Putin para a ONU

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil recebe hoje, pela primeira vez na história, uma visita oficial de um chefe de Estado russo. Vladimir Putin desembarca esta noite em Brasília e, embora os principais assuntos da pauta sejam na área comercial, o Brasil espera que seja reiterado o apoio da Rússia à ascensão do país como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).
De acordo com a agenda extra-oficial de Putin, amanhã pela manhã ele deve visitar o Senado. Depois participa de cerimônia de boas-vindas no Palácio do Planalto e encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seguida de reunião para assinatura de acordos. Os dois chefes de Estado fazem uma declaração conjunta, e depois de almoço no Itamaraty, Putin viaja para o Rio.
A reunião entre Putin e Lula será marcada por cobranças comerciais. Do lado brasileiro, haverá reclamações sobre o tratamento que a Rússia tem dispensado aos exportadores de carne do Brasil. Além de ter imposto barreiras fitossanitárias à carne brasileira, parcialmente suspensas nesta semana, os russos ofereceram cotas de exportação generosas para os Estados Unidos e União Européia, em detrimento da participação brasileira no seu mercado.
"A carne é um dos nossos temas prioritários", disse anteontem a chefe da Divisão da Europa do Itamaraty, embaixadora Maria da Graça Carion. Ela, no entanto, afirmou que as negociações sobre o setor, que representa 45% das exportações brasileiras para a Rússia, já estão encaminhadas em outros fóruns, como a OMC (Organização Mundial de Comércio).
Mas o interesse brasileiro não se limita a carnes. O Brasil quer exportar produtos de maior valor agregado para a Rússia. Um dos interesses brasileiros é vender aviões da Embraer.
Putin também aproveita a viagem para pressionar o Brasil a comprar aviões do seu país. Os caças Suhkoi, fabricados na Rússia, disputam a compra de cerca de US$ 700 milhões que a Força Aérea Brasileira pretende fazer.
O Brasil, por sua vez, voltará a afirmar que apóia a entrada da Rússia na OMC. O voto final brasileiro à participação russa no organismo dependerá, no entanto, das concessões comerciais que os russos estarão dispostos a fazer.
Na área de tecnologia espacial, será anunciado, durante a visita, um memorando de entendimento para transferência de tecnologia russa para construção de foguetes no Brasil, que seriam lançados da base de Alcântara (MA).


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