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DIPLOMACIA
Assento permanente no Conselho de Segurança é prioridade; reclamações e acordos devem marcar visita histórica
Brasil espera apoio de Putin para a ONU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil recebe hoje, pela primeira vez na história, uma visita
oficial de um chefe de Estado russo. Vladimir Putin desembarca
esta noite em Brasília e, embora os
principais assuntos da pauta sejam na área comercial, o Brasil espera que seja reiterado o apoio da
Rússia à ascensão do país como
membro permanente do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).
De acordo com a agenda extra-oficial de Putin, amanhã pela manhã ele deve visitar o Senado. Depois participa de cerimônia de
boas-vindas no Palácio do Planalto e encontro com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, seguida
de reunião para assinatura de
acordos. Os dois chefes de Estado
fazem uma declaração conjunta, e
depois de almoço no Itamaraty,
Putin viaja para o Rio.
A reunião entre Putin e Lula será marcada por cobranças comerciais. Do lado brasileiro, haverá
reclamações sobre o tratamento
que a Rússia tem dispensado aos
exportadores de carne do Brasil.
Além de ter imposto barreiras fitossanitárias à carne brasileira,
parcialmente suspensas nesta semana, os russos ofereceram cotas
de exportação generosas para os
Estados Unidos e União Européia, em detrimento da participação brasileira no seu mercado.
"A carne é um dos nossos temas
prioritários", disse anteontem a
chefe da Divisão da Europa do
Itamaraty, embaixadora Maria da
Graça Carion. Ela, no entanto,
afirmou que as negociações sobre
o setor, que representa 45% das
exportações brasileiras para a
Rússia, já estão encaminhadas em
outros fóruns, como a OMC (Organização Mundial de Comércio).
Mas o interesse brasileiro não se
limita a carnes. O Brasil quer exportar produtos de maior valor
agregado para a Rússia. Um dos
interesses brasileiros é vender
aviões da Embraer.
Putin também aproveita a viagem para pressionar o Brasil a
comprar aviões do seu país. Os
caças Suhkoi, fabricados na Rússia, disputam a compra de cerca
de US$ 700 milhões que a Força
Aérea Brasileira pretende fazer.
O Brasil, por sua vez, voltará a
afirmar que apóia a entrada da
Rússia na OMC. O voto final brasileiro à participação russa no organismo dependerá, no entanto,
das concessões comerciais que os
russos estarão dispostos a fazer.
Na área de tecnologia espacial,
será anunciado, durante a visita,
um memorando de entendimento para transferência de tecnologia russa para construção de foguetes no Brasil, que seriam lançados da base de Alcântara (MA).
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