São Paulo, quarta-feira, 21 de novembro de 2007

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Aliados rejeitam novo partido de Berlusconi

Agremiação, ainda sem nome, sofre restrições de líderes que participaram da coalizão do ex-premiê

IAN FISHER
DO "NEW YORK TIMES", EM ROMA

Com seu entusiasmo característico, o ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi anunciou que está formando um novo partido político -"O Povo da Liberdade" ou "Partido da Liberdade", ele ainda não sabe- que o reconduza ao poder. Ele prometeu na segunda-feira que seguiria em frente mesmo sem seus aliados de centro-direita, que estão começando a se cansar dele.
Impaciente com a persistência da frágil coalizão de centro-esquerda do primeiro-ministro Romano Prodi, Berlusconi falou a jornalistas em Roma para anunciar que havia recolhido 8 milhões de assinaturas de italianos que desejam novas eleições. "Todos nós temos a responsabilidade de não desperdiçar esses milhões de assinaturas", declarou o homem mais rico do país e atual líder da Força Itália, partido que ele fundou em 1993.
A despeito de seu entusiasmo e determinação, o anúncio de Berlusconi, 71, parece ter sido feito em um ponto baixo de sua trajetória política. Para começar, seus aliados políticos, que foram essenciais para mantê-lo no poder durante seus cinco anos como primeiro-ministro, se recusam a apoiar o novo partido que ele criou.
"Não vale a pena nem falar do assunto", comentou Gianfranco Fini, líder da Aliança Nacional, de direita, e veterano aliado de Berlusconi. "Propaganda", disse Pier Ferdinando Casini, diretor de uma coalizão democrata-cristã. Fini, que foi ministro do Exterior na gestão de Berlusconi, vem criticando o que ele chama de estratégia fracassada do ex-premiê para forçar novas eleições. Na semana passada, Prodi sobreviveu a uma difícil votação do Orçamento no Senado, a despeito de previsões diárias de Berlusconi de que o governo cairia.
Fini e outros políticos de centro-direita vêm pedindo negociações com a centro-esquerda sobre uma nova lei eleitoral para reger as complicadas eleições legislativas do país, algo que Berlusconi se recusa firmemente a considerar. O governo de Berlusconi forçou a aprovação da lei atual pouco antes da eleição do ano passado, e muitos italianos o responsabilizam pelo resultado do pleito, que não gerou maioria suficiente para permitir que direita ou esquerda governem efetivamente.
Quase todas as forças políticas italianas concordam em que uma nova lei eleitoral é essencial, antes que novas eleições sejam realizadas. Embora Berlusconi tenha perdido as eleições do ano passado, ele mantém boa popularidade, um fator que acredita capaz de o levar uma vez mais ao posto de premiê. Renato Mannheimer, especialista em pesquisas de opinião, diz que Berlusconi e seus aliados contam com a preferência de entre 27% e 29% dos eleitores.
A única outra coalizão com resultados próximos é o novo Partido Democrata, formado pela fusão de dois partidos de centro-esquerda, sob a liderança de Walter Vetroni, prefeito de Roma. O apelo de Berlusconi por um novo partido que se incline à direita mas atraia elementos centristas, como os democratas-cristãos, parece ter por objetivo criar um rival para esse novo grupo.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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