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Aliados rejeitam novo partido de Berlusconi
Agremiação, ainda sem nome, sofre restrições de líderes que participaram da coalizão do ex-premiê
IAN FISHER
DO "NEW YORK TIMES", EM ROMA
Com seu entusiasmo característico, o ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi
anunciou que está formando
um novo partido político -"O
Povo da Liberdade" ou "Partido
da Liberdade", ele ainda não sabe- que o reconduza ao poder.
Ele prometeu na segunda-feira
que seguiria em frente mesmo
sem seus aliados de centro-direita, que estão começando a se
cansar dele.
Impaciente com a persistência da frágil coalizão de centro-esquerda do primeiro-ministro
Romano Prodi, Berlusconi falou a jornalistas em Roma para
anunciar que havia recolhido 8
milhões de assinaturas de italianos que desejam novas eleições. "Todos nós temos a responsabilidade de não desperdiçar esses milhões de assinaturas", declarou o homem mais
rico do país e atual líder da Força Itália, partido que ele fundou
em 1993.
A despeito de seu entusiasmo
e determinação, o anúncio de
Berlusconi, 71, parece ter sido
feito em um ponto baixo de sua
trajetória política. Para começar, seus aliados políticos, que
foram essenciais para mantê-lo
no poder durante seus cinco
anos como primeiro-ministro,
se recusam a apoiar o novo partido que ele criou.
"Não vale a pena nem falar do
assunto", comentou Gianfranco Fini, líder da Aliança Nacional, de direita, e veterano aliado
de Berlusconi. "Propaganda",
disse Pier Ferdinando Casini,
diretor de uma coalizão democrata-cristã. Fini, que foi ministro do Exterior na gestão de
Berlusconi, vem criticando o
que ele chama de estratégia fracassada do ex-premiê para forçar novas eleições. Na semana
passada, Prodi sobreviveu a
uma difícil votação do Orçamento no Senado, a despeito de
previsões diárias de Berlusconi
de que o governo cairia.
Fini e outros políticos de
centro-direita vêm pedindo negociações com a centro-esquerda sobre uma nova lei eleitoral
para reger as complicadas eleições legislativas do país, algo
que Berlusconi se recusa firmemente a considerar.
O governo de Berlusconi forçou a aprovação da lei atual
pouco antes da eleição do ano
passado, e muitos italianos o
responsabilizam pelo resultado
do pleito, que não gerou maioria suficiente para permitir que
direita ou esquerda governem
efetivamente.
Quase todas as forças políticas italianas concordam em
que uma nova lei eleitoral é essencial, antes que novas eleições sejam realizadas.
Embora Berlusconi tenha
perdido as eleições do ano passado, ele mantém boa popularidade, um fator que acredita capaz de o levar uma vez mais ao
posto de premiê. Renato Mannheimer, especialista em pesquisas de opinião, diz que Berlusconi e seus aliados contam
com a preferência de entre 27%
e 29% dos eleitores.
A única outra coalizão com
resultados próximos é o novo
Partido Democrata, formado
pela fusão de dois partidos de
centro-esquerda, sob a liderança de Walter Vetroni, prefeito
de Roma. O apelo de Berlusconi
por um novo partido que se incline à direita mas atraia elementos centristas, como os democratas-cristãos, parece ter
por objetivo criar um rival para
esse novo grupo.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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