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Bogotá dá prazo a Chávez para soltar reféns
Presidência da Colômbia diz que venezuelano tem até dezembro para mostrar resultados na mediação com as Farc
Governo colombiano acusa
Chávez de revelar segredo,
mas confirma autorização,
sob condições, para reunião
entre guerrilheiro e Chávez
Eric Fefekberg/France Presse
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Chávez e Sarkozy, antes de reunião na qual francês disse que prova de vida da franco-colombiana Ingrid Betancourt é indispensável
DA REDAÇÃO
A exposição de desencontros
entre o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, e o colega
Hugo Chávez foi o saldo não esperado da visita do venezuelano ao presidente francês, Nicolas Sarkozy, ontem em Paris. O
objetivo da visita era tratar da
negociação para a troca de 45
reféns em poder das Farc por
guerrilheiros presos.
A falta de afinação entre Bogotá e Caracas nas tratativas
com a guerrilha começou a ficar evidente anteontem quando, irritado com declarações de
Chávez em Paris, Uribe afirmou, em comunicado, que o venezuelano havia revelado um
"segredo" das negociações.
O comunicado fixou o mês de
dezembro como data-limite
para que a mediação de Chávez
para a libertação de reféns, entre eles a franco-colombiana
Ingrid Betancourt, tenha resultado concreto. O venezuelano
participa da negociação desde
agosto, a pedido de Uribe.
A reação colombiana surgiu
momentos após Chávez dizer,
anteontem, que Uribe havia autorizado um encontro entre ele
e o chefe máximo das Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Manuel Marulanda, 77, o "Tirofijo", do
qual até o presidente colombiano participaria.
Bogotá disse que um possível
encontro com Marulanda era
"para ser tratado em segredo
como ferramenta de negociação". Fez reparos: afirmou que
Uribe só se encontraria com o
guerrilheiro "sempre e quando
estivessem livres todos os seqüestrados das Farc".
Ontem, Chávez afirmou que
jamais lhe pediram segredo sobre a reunião e que libertar todos os reféns antes do encontro
não fazia sentido. "É bom não
se impacientar", disse sobre o
prazo dado por Uribe.
Depois, porém, amenizou as
declarações: "Uribe não vai a
Caguán [lugar da reunião]. O
que eu interpretei é que ele poderia ir". E fez um apelo: "Uribe, meu amigo, Uribe, Uribe,
me deixa ir ver Marulanda".
Mais tarde, foi a vez da Presidência colombiana ampliar o
comunicado do dia anterior,
agradecendo o papel de Chávez
na questão e atacando as Farc.
Apesar de reiterar que o plano
era segredo, a nota disse que,
uma vez divulgado, era preciso
explicá-lo melhor.
Segundo o governo colombiano, a reunião com Marulanda só ocorrerá se as Farc liberarem um primeiro grupo de reféns unilateralmente, se comprometerem a soltar todos os
seqüestrados depois, inclusive
três cidadãos americanos, e tomar o encontro como começo
de um processo de paz.
Encontro com Sarkozy
Desde que Chávez começou a
mediar o conflito, um encontro
dele com os líderes máximos
das Farc é discutido. Bogotá,
porém, afirmou várias vezes
que não tinha como garantir a
segurança dos guerrilheiros na
reunião, daí a importância da
autorização, ainda que com exigências consideradas muito altas para as Farc. (É sabido que a
opção preferida por Uribe para
o resgate de reféns é ainda a militar, baseado no sucesso de
operações recentes, como a que
libertou o atual chanceler Fernando Araújo).
Uma hipótese para a suposta
inconfidência de Chávez é que
o venezuelano -ávido por sucesso na operação que lhe projeta positivamente sobretudo
na Europa- tenha tentado forçar um compromisso público
de Uribe com o encontro entre
ele e chefes da guerrilha.
Para o jornal colombiano "El
Tiempo", a revelação de Chávez foi uma estratégia para não
chegar de mãos vazias à reunião com Sarkozy, que desde a
campanha presidencial francesa fez da libertação de Ingrid
Betancourt tema prioritário.
A expectativa entre os familiares da franco-colombiana
era que Chávez levasse uma
prova de vida da refém, o que
não ocorreu. O venezuelano
disse ter certeza de que ela está
viva e que as Farc prometeram
provas disso até o fim do ano.
O porta-voz de Sarkozy -o
presidente não se pronunciou
após o encontro ontem- "encorajou" Chávez a continuar a
mediação, mas disse também
que as provas de vida eram "indispensáveis" para sinalizar a
boa-fé da guerrilha.
O posicionamento do presidente francês é central. Foi
principalmente a pressão de
Sarkozy que empurrou Uribe
ao diálogo com as Farc mediado por seu antípoda ideológico,
mas de estilo afim, Chávez.
FLÁVIA MARREIRO, com agências internacionais
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