São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / MONTAGEM DO GABINETE

Governo terá defensora de cidadania a ilegais

Governadora do Arizona é escolhida de Obama para comandar Departamento de Segurança Interna, que cuida da imigração

"É pouco realista sugerir que o sistema atual deva ignorar os 12 milhões de ilegais que encontraram trabalho em nosso país", escreveu ela

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

O problemático Departamento de Segurança Interna dos EUA, responsável, entre outros, por políticas de imigração, deverá ter a partir de 2009 uma líder favorável a oferecer o caminho da cidadania a ilegais: é a governadora do Arizona, Janet Napolitano, acostumada a lidar com o tema no Estado.
Segundo membros da equipe do governo em transição, a democrata Napolitano, 50, foi escolhida pelo presidente eleito, Barack Obama, para chefiar o órgão. A governadora já aconselha a equipe de transição, mas ainda não foi feito anúncio oficial para o departamento.
Em seu segundo mandato no governo do Arizona, Napolitano enfrenta críticas de adversários devido ao grande número de imigrantes que chegam ao Estado, cuja fronteira com o México é uma das principais rotas de entrada de ilegais do país. Ela vetou várias leis que endureceriam o combate à imigração ilegal, inclusive uma que permitiria que ilegais fossem presos por "invasão" simplesmente por estarem no Estado.
A governadora prefere abordar o assunto investigando os sistemas e as pessoas que tornam a imigração ilegal possível, como grupos que forjam identidades e permissões de trabalho americanas. Sua atuação, porém, é firme. Em 2005, ela chegou a declarar estado de emergência no Arizona para direcionar mais fundos à proteção da fronteira.
"Como [ex] procuradora federal, supervisionei processos contra mais de 6.000 crimes de imigração. Governo um Estado onde, em 2005, houve 550 mil apreensões de ilegais. (...) [Mas é] fundamentalmente injusto e pouco realista sugerir que o sistema atual deva continuar ignorando os 12 milhões [de ilegais] que conseguiram chegar aqui e encontraram trabalho em nosso país. Não é "anistia" exigir que esses indivíduos conquistem o privilégio da cidadania", escreveu ela em artigo no "Washington Post".
O nome de Napolitano recebeu a aprovação do ex-candidato republicano à Presidência e senador pelo Arizona, John McCain, que telefonou a ela para congratular a indicação informal. Napolitano apoiou, no ano passado, projeto de lei co-escrito por McCain sobre reforma migratória.

Pentágono
Em outro importante departamento governamental, o da Defesa, crescem especulações de que Obama pedirá ao atual chefe do Pentágono, Robert Gates, que permaneça no cargo.
Gates se reuniu ontem com a equipe de transição de Obama. Ele respondeu a perguntas detalhadas sobre quem deveriam ser os secretários-assistentes, o funcionamento do órgão e sua filosofia de trabalho -sugerindo que está sendo considerado seriamente para o posto.
Em outubro, um dos conselheiros de política externa de Obama disse que Gates foi um bom secretário da Defesa e que "seria ainda melhor no gabinete de Obama". E o presidente eleito disse no último domingo que pretende ter ao menos um republicano em seu gabinete.
"Chamá-lo para continuar no Pentágono seria uma ação bastante popular", afirmou à Folha Andrew Bacevich, ex-coronel do Exército dos EUA e especialista em relações internacionais da Universidade de Boston. "Gates é visto como uma tremenda melhora em relação a seu predecessor [Donald Rumsfeld]. É um homem de bom senso. Porém, ele não tem um intelecto criativo. Sua renovação indicará que a mudança que Obama pretende trazer a Washington vai ser bem menor do que a alardeada."
Contra Gates, há o fato de ele ser identificado com as políticas de George W. Bush. Obama promete retirar as tropas do Iraque rapidamente, algo que o secretário da Defesa não endossou publicamente.


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