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SUCESSÃO NOS EUA / MONTAGEM DO GABINETE
Governo terá defensora de cidadania a ilegais
Governadora do Arizona é escolhida de Obama para comandar Departamento de Segurança Interna, que cuida da imigração
"É pouco realista sugerir que o sistema atual deva ignorar os 12 milhões de ilegais que encontraram trabalho em nosso país", escreveu ela
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
O problemático Departamento de Segurança Interna
dos EUA, responsável, entre
outros, por políticas de imigração, deverá ter a partir de 2009
uma líder favorável a oferecer o
caminho da cidadania a ilegais:
é a governadora do Arizona, Janet Napolitano, acostumada a
lidar com o tema no Estado.
Segundo membros da equipe
do governo em transição, a democrata Napolitano, 50, foi escolhida pelo presidente eleito,
Barack Obama, para chefiar o
órgão. A governadora já aconselha a equipe de transição,
mas ainda não foi feito anúncio
oficial para o departamento.
Em seu segundo mandato no
governo do Arizona, Napolitano enfrenta críticas de adversários devido ao grande número
de imigrantes que chegam ao
Estado, cuja fronteira com o
México é uma das principais
rotas de entrada de ilegais do
país. Ela vetou várias leis que
endureceriam o combate à imigração ilegal, inclusive uma que
permitiria que ilegais fossem
presos por "invasão" simplesmente por estarem no Estado.
A governadora prefere abordar o assunto investigando os
sistemas e as pessoas que tornam a imigração ilegal possível,
como grupos que forjam identidades e permissões de trabalho
americanas. Sua atuação, porém, é firme. Em 2005, ela chegou a declarar estado de emergência no Arizona para direcionar mais fundos à proteção da
fronteira.
"Como [ex] procuradora federal, supervisionei processos
contra mais de 6.000 crimes de
imigração. Governo um Estado
onde, em 2005, houve 550 mil
apreensões de ilegais. (...) [Mas
é] fundamentalmente injusto e
pouco realista sugerir que o sistema atual deva continuar ignorando os 12 milhões [de ilegais] que conseguiram chegar
aqui e encontraram trabalho
em nosso país. Não é "anistia"
exigir que esses indivíduos conquistem o privilégio da cidadania", escreveu ela em artigo no
"Washington Post".
O nome de Napolitano recebeu a aprovação do ex-candidato republicano à Presidência e
senador pelo Arizona, John
McCain, que telefonou a ela para congratular a indicação informal. Napolitano apoiou, no
ano passado, projeto de lei co-escrito por McCain sobre reforma migratória.
Pentágono
Em outro importante departamento governamental, o da
Defesa, crescem especulações
de que Obama pedirá ao atual
chefe do Pentágono, Robert
Gates, que permaneça no cargo.
Gates se reuniu ontem com a
equipe de transição de Obama.
Ele respondeu a perguntas detalhadas sobre quem deveriam
ser os secretários-assistentes, o
funcionamento do órgão e sua
filosofia de trabalho -sugerindo que está sendo considerado
seriamente para o posto.
Em outubro, um dos conselheiros de política externa de
Obama disse que Gates foi um
bom secretário da Defesa e que
"seria ainda melhor no gabinete de Obama". E o presidente
eleito disse no último domingo
que pretende ter ao menos um
republicano em seu gabinete.
"Chamá-lo para continuar no
Pentágono seria uma ação bastante popular", afirmou à Folha Andrew Bacevich, ex-coronel do Exército dos EUA e especialista em relações internacionais da Universidade de Boston. "Gates é visto como uma
tremenda melhora em relação
a seu predecessor [Donald
Rumsfeld]. É um homem de
bom senso. Porém, ele não tem
um intelecto criativo. Sua renovação indicará que a mudança
que Obama pretende trazer a
Washington vai ser bem menor
do que a alardeada."
Contra Gates, há o fato de ele
ser identificado com as políticas de George W. Bush. Obama
promete retirar as tropas do
Iraque rapidamente, algo que o
secretário da Defesa não endossou publicamente.
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