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Candidata a vice de ex-aliado renuncia em apoio a Zelaya
Outros 30 postulantes em pleito hondurenho já abriram mão de candidaturas
Entre os desistentes, estão candidato a presidente e prefeito de 2ª maior cidade; quantidade de renúncias, porém, ainda é insignificante
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TEGUCIGALPA
A candidata a vice-presidente do Partido Liberal Margarita
Zelaya oficializou ontem sua
desistência da campanha eleitoral hondurenha, em protesto
contra a não restituição do presidente deposto, Manuel Zelaya. Margarita, que não é parente do seu aliado político, foi a
mais ilustre dos 26 candidatos
que compareceram ontem ao
Tribunal Supremo Eleitoral
(TSE) para renunciar em solidariedade a Zelaya, que hoje
completa dois meses como
"hóspede" da Embaixada do
Brasil em Honduras.
Margarita era 1 dos 3 "designados" (vice-presidentes) da
chapa de Elvin Santos, ex-vice-presidente de Zelaya. Rompido
politicamente com o presidente deposto, ele aparece em segundo lugar nas pesquisas de
opinião, atrás do candidato
Porfirio Lobo, do Partido Nacional (direita). Santos é aliado
do presidente interino, Roberto Micheletti, também filiado
ao Partido Liberal (centro-direita), assim como Zelaya.
"Trata-se de uma questão de
valores", disse Margarita à Folha, em entrevista na sede do
TSE. "Nós nos opusemos ao
golpe de Estado desde o primeiro dia. Não é uma decisão
feliz, mas não podemos ser
cúmplices de uma situação que
nos está levando ao caos."
Enquanto Margarita e outros
candidatos de menor expressão
-além do presidente, os hondurenhos elegem deputados,
prefeitos e vereadores- entregavam suas cartas de renúncia,
algumas dezenas de manifestantes pró-Zelaya protestavam
na frente da sede do TSE, resguardada por cerca de 20 policiais e militares fortemente armados. Não houve registro de
incidentes.
Outros desistentes
A deputada liberal é a terceira candidata de alta visibilidade
a renunciar. Nos último dias,
deixaram a campanha eleitoral
o esquerdista independente
Carlos H. Reyes, terceiro colocado na corrida presidencial,
segundo pesquisas de opinião,
e o liberal Rodolfo Padilla, que
buscava a reeleição em San Pedro Sula, a segunda maior cidade hondurenha.
Em números absolutos, a
quantidade de renúncias é insignificante. Segundo o TSE, ao
todo 31 candidatos anularam o
seu registro no órgão, de um total de 13.684 postulantes -ou
seja, 0,22% do total inscrito.
O pleito do próximo dia 29
está cercado de controvérsia
dentro e fora do país. Zelaya,
que tem o apoio de Brasil e de
outros governos esquerdistas
da região, como Argentina e
Venezuela, vem exortando seus
seguidores a não comparecerem às urnas caso ele não seja
restituído antes. Já Micheletti
tem ganhado o apoio cada vez
mais claro dos EUA, principal
parceiro econômico de Honduras, para a realização do pleito.
Em 2 de dezembro -depois
da eleição, portanto-, o Congresso deve votar se Zelaya será
restituído ou não à Presidência.
Ele foi deposto e expulso do
país em 28 de junho, acusado
de impulsionar uma Assembleia Constituinte considerada
ilegal pela Justiça.
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