São Paulo, sábado, 21 de novembro de 2009

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Candidata a vice de ex-aliado renuncia em apoio a Zelaya

Outros 30 postulantes em pleito hondurenho já abriram mão de candidaturas

Entre os desistentes, estão candidato a presidente e prefeito de 2ª maior cidade; quantidade de renúncias, porém, ainda é insignificante

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TEGUCIGALPA

A candidata a vice-presidente do Partido Liberal Margarita Zelaya oficializou ontem sua desistência da campanha eleitoral hondurenha, em protesto contra a não restituição do presidente deposto, Manuel Zelaya. Margarita, que não é parente do seu aliado político, foi a mais ilustre dos 26 candidatos que compareceram ontem ao Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) para renunciar em solidariedade a Zelaya, que hoje completa dois meses como "hóspede" da Embaixada do Brasil em Honduras.
Margarita era 1 dos 3 "designados" (vice-presidentes) da chapa de Elvin Santos, ex-vice-presidente de Zelaya. Rompido politicamente com o presidente deposto, ele aparece em segundo lugar nas pesquisas de opinião, atrás do candidato Porfirio Lobo, do Partido Nacional (direita). Santos é aliado do presidente interino, Roberto Micheletti, também filiado ao Partido Liberal (centro-direita), assim como Zelaya.
"Trata-se de uma questão de valores", disse Margarita à Folha, em entrevista na sede do TSE. "Nós nos opusemos ao golpe de Estado desde o primeiro dia. Não é uma decisão feliz, mas não podemos ser cúmplices de uma situação que nos está levando ao caos."
Enquanto Margarita e outros candidatos de menor expressão -além do presidente, os hondurenhos elegem deputados, prefeitos e vereadores- entregavam suas cartas de renúncia, algumas dezenas de manifestantes pró-Zelaya protestavam na frente da sede do TSE, resguardada por cerca de 20 policiais e militares fortemente armados. Não houve registro de incidentes.

Outros desistentes
A deputada liberal é a terceira candidata de alta visibilidade a renunciar. Nos último dias, deixaram a campanha eleitoral o esquerdista independente Carlos H. Reyes, terceiro colocado na corrida presidencial, segundo pesquisas de opinião, e o liberal Rodolfo Padilla, que buscava a reeleição em San Pedro Sula, a segunda maior cidade hondurenha.
Em números absolutos, a quantidade de renúncias é insignificante. Segundo o TSE, ao todo 31 candidatos anularam o seu registro no órgão, de um total de 13.684 postulantes -ou seja, 0,22% do total inscrito.
O pleito do próximo dia 29 está cercado de controvérsia dentro e fora do país. Zelaya, que tem o apoio de Brasil e de outros governos esquerdistas da região, como Argentina e Venezuela, vem exortando seus seguidores a não comparecerem às urnas caso ele não seja restituído antes. Já Micheletti tem ganhado o apoio cada vez mais claro dos EUA, principal parceiro econômico de Honduras, para a realização do pleito.
Em 2 de dezembro -depois da eleição, portanto-, o Congresso deve votar se Zelaya será restituído ou não à Presidência. Ele foi deposto e expulso do país em 28 de junho, acusado de impulsionar uma Assembleia Constituinte considerada ilegal pela Justiça.


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