São Paulo, sábado, 21 de novembro de 2009

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EUA louvam licença de Micheletti e pregam reconhecimento de pleito

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Os EUA comemoraram a decisão do líder do regime golpista hondurenho, Roberto Micheletti, de se afastar do poder por uma semana a partir da próxima quarta, durante a reta final da corrida eleitoral no país centro-americano -o pleito está marcado para o dia 29.
"Nós saudamos sua retirada e esperamos que ela seja implementada imediatamente", disse o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Robert Wood, em seu encontro diário com jornalistas ontem, em Washington. "Isso vai dar algum respiro para que o processo em Honduras avance."
Wood não comentou o fato de que os EUA correm o risco de se isolarem ao defenderem que as eleições aconteçam mesmo sem a volta ao poder do presidente deposto Manuel Zelaya, diferentemente do que deseja a maioria dos países das Américas, Brasil incluído.
Em encontro com jornalistas da região na tarde de ontem, do qual a Folha participou, um alto funcionário do Departamento de Estado contestou esse isolamento.
Para o diplomata, se for feita uma contagem entre os 34 países-membros da OEA (Organização dos Estados Americanos), o saldo estará longe de ser 33 contra 1. A Folha confirmou que a entidade realizará reunião fechada e extraordinária na segunda-feira para discutir a crise; na ocasião o tamanho dos dois blocos ficará claro.

Soluções
No mesmo encontro de ontem, o funcionário da Chancelaria americana afirmou que é errado fazer julgamentos sobre o resultado das eleições antes de elas acontecerem e que os EUA só farão isso depois. Sobre os que já declaram de antemão que não vão reconhecê-las, ele disse que é muito fácil sentar e criticar; mais difícil é apresentar soluções.
Para ele, os países das Américas têm obrigação de ajudar pois a alternativa, que definiu como ficar sentados por mais quatro anos isolando Honduras, não será produtiva.
Segundo o diplomata, um dos pontos fundamentais do acordo é o artigo que prevê que cabe ao Congresso decidir se Zelaya volta ou não, e isso, disse ele, vai acontecer, em sessão televisionada, com voto público -marcada para o dia 2, três dias após a eleição.
Ele disse ainda que o anúncio de retirada do líder deposto das negociações é um desafio, mas está longe de significar o fim das negociações. Só os ingênuos, afirmou, acham que acordos desse tipo não darão problema no meio do caminho.
A Folha apurou que o recém-empossado secretário-assistente obamista para a região, Arturo Valenzuela, tem falado frequentemente com o secretário-geral do Itamaraty, Antônio Patriota e com a Embaixada do Brasil em Washington. Ainda assim, segue insuperada a diferença fundamental entre os dois países, sobre a relação entre a restituição de Zelaya e a legitimidade das eleições.


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