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EUA louvam licença de Micheletti e pregam reconhecimento de pleito
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Os EUA comemoraram a decisão do líder do regime golpista hondurenho, Roberto Micheletti, de se afastar do poder
por uma semana a partir da
próxima quarta, durante a reta
final da corrida eleitoral no país
centro-americano -o pleito está marcado para o dia 29.
"Nós saudamos sua retirada
e esperamos que ela seja implementada imediatamente", disse o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano,
Robert Wood, em seu encontro
diário com jornalistas ontem,
em Washington. "Isso vai dar
algum respiro para que o processo em Honduras avance."
Wood não comentou o fato
de que os EUA correm o risco
de se isolarem ao defenderem
que as eleições aconteçam mesmo sem a volta ao poder do presidente deposto Manuel Zelaya, diferentemente do que deseja a maioria dos países das
Américas, Brasil incluído.
Em encontro com jornalistas
da região na tarde de ontem, do
qual a Folha participou, um alto funcionário do Departamento de Estado contestou esse
isolamento.
Para o diplomata, se for feita
uma contagem entre os 34 países-membros da OEA (Organização dos Estados Americanos), o saldo estará longe de ser
33 contra 1. A Folha confirmou
que a entidade realizará reunião fechada e extraordinária
na segunda-feira para discutir
a crise; na ocasião o tamanho
dos dois blocos ficará claro.
Soluções
No mesmo encontro de ontem, o funcionário da Chancelaria americana afirmou que é
errado fazer julgamentos sobre
o resultado das eleições antes
de elas acontecerem e que os
EUA só farão isso depois. Sobre
os que já declaram de antemão
que não vão reconhecê-las, ele
disse que é muito fácil sentar e
criticar; mais difícil é apresentar soluções.
Para ele, os países das Américas têm obrigação de ajudar
pois a alternativa, que definiu
como ficar sentados por mais
quatro anos isolando Honduras, não será produtiva.
Segundo o diplomata, um dos
pontos fundamentais do acordo é o artigo que prevê que cabe
ao Congresso decidir se Zelaya
volta ou não, e isso, disse ele, vai
acontecer, em sessão televisionada, com voto público -marcada para o dia 2, três dias após
a eleição.
Ele disse ainda que o anúncio
de retirada do líder deposto das
negociações é um desafio, mas
está longe de significar o fim
das negociações. Só os ingênuos, afirmou, acham que acordos desse tipo não darão problema no meio do caminho.
A Folha apurou que o recém-empossado secretário-assistente obamista para a região,
Arturo Valenzuela, tem falado
frequentemente com o secretário-geral do Itamaraty, Antônio Patriota e com a Embaixada do Brasil em Washington.
Ainda assim, segue insuperada
a diferença fundamental entre
os dois países, sobre a relação
entre a restituição de Zelaya e a
legitimidade das eleições.
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