São Paulo, domingo, 21 de novembro de 2010

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ANÁLISE

Igreja já indicava que iria adotar em breve tom menos rigoroso

HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA

A mudança de tom da igreja em relação à camisinha já estava prevista.
A primeira indicação de que isso ocorreria veio em 2006, quando o cardeal Javier Lozano Barragán, "ministro da saúde" do Vaticano, confirmou que, por ordem de Bento 16, "estudos aprofundados" da questão eram realizados por teólogos em parceria com cientistas.
Era a senha para uma posição menos intransigente, como defendiam, entre outros, os cardeais Carlo Maria Martini, arcebispo emérito de Milão, e, antes dele, Jean-Marie Lustiger, arcebispo de Paris, morto em 2007.
Eles sempre defenderam a ideia de que, em situações específicas, o uso de preservativo poderia ser considerado um mal menor.
Não é uma tese estranha à igreja, que reconhece, por exemplo, o homicídio justificável, nem incompatível com a encíclica "Humanae Vitae", de 1968, que condena formas não naturais de contracepção.
E, como sugeriu o vaticanista Henri Tincq, do "Le Monde", o papa estava em dívida com Martini. Pelas informações que vazaram do conclave de 2005, o arcebispo de Milão, preferido da ala mais liberal, chegou a pedir votos para Ratzinger, que acabou sagrando-se papa.
A crer nessa interpretação, o sumo pontífice honra agora a "promessa de campanha".


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