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ANÁLISE
Igreja já indicava que iria adotar em breve tom menos rigoroso
HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA
A mudança de tom da igreja em relação à camisinha já
estava prevista.
A primeira indicação de
que isso ocorreria veio em
2006, quando o cardeal Javier Lozano Barragán, "ministro da saúde" do Vaticano, confirmou que, por ordem de Bento 16, "estudos
aprofundados" da questão
eram realizados por teólogos
em parceria com cientistas.
Era a senha para uma posição menos intransigente, como defendiam, entre outros,
os cardeais Carlo Maria Martini, arcebispo emérito de Milão, e, antes dele, Jean-Marie
Lustiger, arcebispo de Paris,
morto em 2007.
Eles sempre defenderam a
ideia de que, em situações específicas, o uso de preservativo poderia ser considerado
um mal menor.
Não é uma tese estranha à
igreja, que reconhece, por
exemplo, o homicídio justificável, nem incompatível com
a encíclica "Humanae Vitae", de 1968, que condena
formas não naturais de contracepção.
E, como sugeriu o vaticanista Henri Tincq, do "Le
Monde", o papa estava em
dívida com Martini. Pelas informações que vazaram do
conclave de 2005, o arcebispo de Milão, preferido da ala
mais liberal, chegou a pedir
votos para Ratzinger, que
acabou sagrando-se papa.
A crer nessa interpretação,
o sumo pontífice honra agora
a "promessa de campanha".
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