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Eleições no Haiti favorecem combate à cólera, diz OEA
Órgão defende que pleito do dia 28 é a melhor maneira de o Haiti enfrentar o surto que já matou mais de mil
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
Ruim com elas, pior ainda
sem elas. Essa é dramática
avaliação de organismos internacionais como a ONU e a
OEA (Organização dos Estados Americanos) a respeito
da realização das eleições gerais do Haiti no domingo que
vem, em meio ao surto de cólera que já matou mais de mil
haitianos.
ONGs ligadas à saúde e políticos clamam pelo adiamento do pleito -que provocará aglomeração de pessoas
e uma possível aceleração
das contaminações.
A OEA argumenta que a
eleição pode ser "uma curtíssima janela de oportunidade" para o país e para a comunidade internacional, segundo o brasileiro Ricardo
Seitenfus, representante da
organização no Haiti.
"É uma situação de urgência. Não pode haver um governo provisório para lidar
com ela", diz.
Os desafios são vários e simultâneos: além da doença,
dos protestos violentos e dos
1,3 milhão que ainda vivem
em acampamentos, há o esforço de construir um registro eleitoral confiável.
Seitenfus afirmou que
aproximadamente 4,3 milhões de novos títulos eleitorais foram distribuídos, mas
o banco de dados dos eleitores ainda está desatualizado,
pois não registra quem morreu no terremoto de janeiro.
Para evitar fraudes, o número de votantes será descontado em 6,1% no momento de calcular a porcentagem
obtida por cada candidato.
Disputam a sucessão de
René Préval, eleito em 2006,
19 candidatos. Pesquisa de
opinião recente aponta dois
deles na dianteira: Mirlande
Manigat e Jude Célestin, ambos com menos de 25% das
intenções de voto.
Mirlande, 70, mulher de
Leslie Manigat , presidente
deposto em 1988 e candidato
derrotado em 2006, faz campanha defendendo um "capitalismo com rosto humano" e propondo uma depuração nas ONGs que trabalham
no país e, na prática, assumiram a prestação da maioria
dos serviços básicos diretos.
Já Célestin é o candidato
de René Préval, mas não de
todos os aliados dele. Ex-chefe da agência de reconstrução, só foi confirmado como
candidato em agosto, e é considerado sem carisma.
POUCA PAIXÃO
O perfil dos até agora mais
cotados sugere a pouca paixão provocada pela votação
após a saída de Wyclef Jean,
haitiano celebridade do hip
hop nos EUA que foi impedido de concorrer em agosto
por não ter vivido no país nos
últimos cinco anos.
Na falta do hip hop, está o
ritmo local, "kompa". O
maior ídolo do gênero, Michel "Sweet Micky" Martely,
tem 11% na pesquisa. É o que
lidera em Porto Príncipe, fazendo comícios que chamam
os haitianos a acordarem da
letargia e prometendo casas
a desabrigados.
Não é a primeira vez que
Martely se envolve em política. Ele já fez campanha contra o presidente deposto
Jean-Baptiste Aristide.
Dividido desde 2004, o
partido de Aristide, Fanmi
Lavalas, não apresentou candidato próprio.
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