São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 2002

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IGREJA

Papa acreditava ter agido firme, segundo publicação

Revista católica diz que Pio 12 foi "prudente demais" sobre Holocausto

DA REDAÇÃO

A revista "Civiltá Cattolica", publicada por jesuítas italianos, disse ontem que o papa Pio 12 foi "prudente demais" em seus discursos sobre o Holocausto.
Pio 12, papa entre 1939 e 1958, "estava "subjetivamente" convencido de ter-se expressado com "força" em relação ao massacre dos judeus em sua famosa mensagem natalina de 1942", afirmou a revista. Nessa mensagem, o papa fez referência "a centenas de milhares de pessoas que, sem ter cometido nenhuma falta, às vezes apenas por razões de nacionalidade e de origem, são destinadas à morte ou à deterioração progressiva". Mas ele não citou explicitamente os judeus.
Historiadores judeus consideram a mensagem "um dos pontos mais sombrios do pontificado" de Pio 12. Segundo informações de diplomatas e personalidades da época, ele e seus colaboradores estariam a par das deportações e do extermínio de judeus promovidos pela Alemanha nazista.
"Tratava-se de notícias de importância considerável, embora se minimizasse seu alcance, quase sempre por um espírito de excessiva prudência ou simplesmente porque se acreditava que era um exagero", escreveu a "Civiltá Cattolica".
A Secretaria de Estado do Vaticano havia sido informada de que entre 70 mil e 80 mil judeus da Tchecoslováquia "podiam ser considerados mortos" e de que ao menos outros 2 milhões de judeus teriam sido assassinados, segundo dados entregues pelo chefe de polícia da Croácia ao enviado especial do Vaticano.
Diversas testemunhas citadas pela "Civiltá Cattolica" disseram que Pio 12 estava convencido de que havia feito todo o possível em sua mensagem de Natal, apesar das críticas feitas contra ele.
Em resposta a críticas de uma autoridade polonesa, por exemplo, o papa teria dito: "Estou surpreso e triste. Sim, muito triste. Nem uma palavra de reconhecimento quando eu disse tudo, tudo". Para a revista, os papas, como o restante dos homens, "têm qualidades e limites" e os historiadores julgaram severamente Pio 12 por seus discursos "prudentes demais" sobre o Holocausto, sem levar em conta "o temperamento, a sensibilidade e a cultura de Eugenio Pacelli".


Com agências internacionais


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