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GUERRA SEM LIMITES
Greenpeace, Peta e até grupo vegetariano foram investigados, segundo documentos oficiais obtidos por ONG
FBI monitorou ativistas, afirma "Times"
IURI DANTAS
DE WASHINGTON
Na medida em que cresce o debate sobre o amparo jurídico da
espionagem praticada nos EUA
com autorização do presidente
George W. Bush, surgem novas
evidências de excessos cometidos
por forças de segurança contra cidadãos americanos nos meses seguintes aos atentados terroristas
de 11 de setembro de 2001.
Documentos divulgados pelo
FBI (polícia federal dos EUA)
mostram que grupos como o
Greenpeace e associações de proteção aos animais tiveram suas
atividades monitoradas de perto,
segundo reportagem publicada
ontem pelo "New York Times".
Um dos relatórios do FBI indica
que agentes em Indianápolis planejavam conduzir vigilância de
pessoas relacionadas no "Projeto
comunidade vegan".
Em outro documento, comenta-se a "ideologia semicomunista" do grupo Trabalhadores Católicos. Um terceiro relatório, ainda,
indica o interesse do FBI em descobrir a localização de um protesto contra o uso de pele de lhama
que era planejado pelo Peta (pessoas pelo tratamento ético de animais, da sigla em inglês).
Os documentos divulgados ontem foram obtidos pela Aclu
(União de Liberdades Civis Americanas), uma prestigiosa ONG
com tradição em fiscalização de
atos do governo. Parte deles foi
repassada ao "New York Times".
A papelada, obtida por meio da
Foia (lei sobre a liberdade de informação), contém mais documentos que devem ser divulgados
amanhã pela Aclu. Mas não há
muitas pistas sobre os motivos
que levaram o FBI a espionar os
grupos. Os papéis liberados pelo
FBI são, sempre segundo o jornal
nova-iorquino, muito editados,
dificultando a compreensão.
Indagado, o FBI informou que
muitas vezes o fato de uma organização ser citada em um documento não significa que ela esteja
sob investigação. E que os grupos
foram monitorados a partir de indícios de crimes e terrorismo ou
prática de crimes ou violência em
protestos e outras atividades.
A justificativa, obviamente, provocou protestos das ONGs, muitas deles com bandeiras de pacifismo e não-violência.
Os documentos indicam que o
FBI usou empregados e estagiários de grupos como o Greenpeace para obter pistas sobre potenciais ligações com atividades criminosas.
No caso do Greenpeace, por
exemplo, conhecido por atos de
desobediência civil como entrar
em navios de carga para pendurar
faixas de protesto, os arquivos indicam que o FBI buscava elos entre membros da ONG e militantes
de grupos como Frente de Libertação da Terra e Frente de Libertação Animal.
Governo na mira
O caso de uso de agências de inteligência para monitorar ONGs é
mais uma denúncia do "New
York Times" sobre a inteligência
norte-americana. Na sexta-feira,
o jornal revelou a existência de
um programa de espionagem da
NSA (Agência de Segurança Nacional) de contatos telefônicos e
eletrônicos de moradores dos
EUA com estrangeiros.
São acusações que se somam
contra a administração do presidente Bush. Na semana passada
veio à tona denúncia de que o
Pentágono havia monitorado
grupos pacifistas e seus protestos
contra a guerra no Iraque. Antes,
a suposta existência de prisões secretas da CIA (Agência Central de
Inteligência) na Europa e de prática de tortura contra suspeitos de
terrorismo suscitou polêmica.
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