São Paulo, quarta-feira, 21 de dezembro de 2005

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Cheney defende grampo e presidente mais forte

DA REDAÇÃO

O vice-presidente os EUA, Dick Cheney, defendeu ontem o expediente do governo Bush de usar de espionagem no próprio país a fim de obter informações para a segurança interna. Cheney defendeu também a expansão dos poderes do presidente americano.
"Não é um acaso o fato de não termos sido atacados em quatro anos", disse Cheney.
As declarações do vice dizem respeito à repercussão da revelação de que moradores dos EUA tiveram suas comunicações, por e-mail e telefone, monitoradas pela NSA (Agência de Segurança Nacional, da sigla em inglês) sem autorização judicial.
O próprio presidente George W. Bush defendeu essa prática em discurso anteontem, afirmando ser "vergonhoso" o fato de essa informação ter sido vazada -ela foi revelada pelo jornal "New York Times". Bush disse, porém, ter a "autoridade legal" para autorizar os grampos.
Falando à imprensa a bordo de seu avião, voando do Paquistão para Omã, Cheney afirmou crer que os americanos apóiam a estratégia de combate ao terrorismo do governo Bush. "Se há um sentimento de revolta", disse Cheney sobre o expediente do monitoramento de conversas privadas, "eu acho que esse sentimento se voltará contra os que sugerem, de algum modo, que nós não deveríamos tomar essas medidas para defender o país."
Apesar da aparente confiança do vice de Bush, pesquisa de opinião do Instituto Gallup, encomendada pela CNN e pelo periódico "USA Today", revelou que cerca de dois terços dos entrevistados não estão dispostos a sacrificar suas liberdades civis na prevenção a ataques terroristas. Segundo a CNN, em 2002, respondendo à mesma pergunta, 49% das pessoas disseram se dispor a abrir mão de seus direitos.
Dick Cheney afirmou ainda acreditar numa "autoridade executiva forte e robusta", dizendo crer que o poder da Presidência dos EUA tenha diminuído desde a Guerra do Vietnã (1965-75) e o escândalo de Watergate (1972-75), que culminou na renúncia do presidente Richard Nixon. Mas Cheney emendou, afirmando que a atual administração foi capaz de restabelecer parte da "autoridade legítima da Presidência".
Quem também se pronunciou sobre o assunto espionagem da NSA ontem foi o senador democrata John Kerry, que perdeu a última corrida à Casa Branca para Bush. Para Kerry, a prática é inconstitucional e a defesa dela dada pelo presidente foi uma desculpa "esfarrapada".

Regresso
Cheney interrompeu ontem seu giro pela Ásia central, onde assistiu à posse dos novos deputados do Parlamento afegão, e voltou a Washington. Como é presidente do Senado, cargo acumulado constitucionalmente pelo vice-presidente americano, Cheney deve participar da votação de leis que dizem respeito à política de segurança nacional.


Com agências internacionais

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