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IRAQUE SOB TUTELA
Sob investigação, queixas podem levar minoria a deixar processo político e violência sectária a crescer
Sunitas citam fraude e pedem nova eleição em Bagdá
DA REDAÇÃO
Sob a ameaça de intensificar a
violência sectária, grupos árabe-sunitas exigiram ontem novas
eleições parlamentares na Governadoria (Província) de Bagdá, alegando a ocorrência de fraudes na
votação da última quinta-feira,
quando 11 milhões de iraquianos
foram às urnas escolher a nova
Assembléia Nacional do país.
Representantes da comissão
eleitoral registraram mais de mil
queixas de fraude e violação eleitoral em todo o país, mas disseram que "só 20 são muito graves".
O embaixador dos EUA no Iraque, Zalmay Khalilzad, disse que
os resultados finais não serão
anunciados até que todas as queixas graves sejam investigadas. Segundo a comissão, isso não deve
ocorrer antes de janeiro.
"Vamos exigir que as eleições
sejam conduzidas outra vez em
Bagdá", disse Adnan al Dulaimi,
líder da Frente pelo Acordo no
Iraque (FAI), chamando o resultado preliminar de "falsificação
dos desejos da população".
Os árabes sunitas são pouco
menos de 20% dos iraquianos,
enquanto os árabes xiitas perfazem quase 60% da população.
Outros 15% também são sunitas,
mas de etnia curda e alinhados
aos xiitas, que, como eles, defendem a autonomia regional. Já os
árabes sunitas temem que a autonomia lhes tire acesso ao petróleo.
Bagdá é o maior colégio eleitoral
iraquiano, e sua divisão étnico-religiosa reflete a do país, o que a
torna um espelho razoável dos resultados finais. A única diferença
considerável é a participação dos
curdos -maioria no norte, eles
não são significativamente representativos na região da capital.
Com quase 90% dos votos apurados na Província, a FAI, principal coalizão árabe-sunita, está em
segundo lugar, com 18,98% das
preferências. Em primeiro, aparece a Aliança Iraque Unido, coalizão árabe-xiita que quer um Estado islâmico, com 58,96% dos votos. A aliança do ex-premiê provisório Iyad Allawi, um árabe xiita
de linha secular, teve desempenho aquém do esperado e obteve
só 13,8% dos votos em Bagdá.
"[Os resultados atuais] terão
grave repercussão na segurança e
na estabilidade política", anunciou a FAI em um comunicado
sobre as irregularidades.
A eleição do dia 15 era a maior
aposta de Washington e de Bagdá
para incorporar os árabes sunitas
ao processo político e esvaziar a
insurgência, mantida essencialmente por membros da minoria.
Se os protestos crescerem, a violência sectária, amenizada na última semana por conta de uma trégua para a votação, pode recrudescer. Ontem voltaram a eclodir
confrontos em Ramadi (oeste), e
um motorista da Embaixada da
Jordânia foi seqüestrado.
Tal quadro põe em xeque a redução do contingente americano
no país, que, no início de janeiro,
deveria cair de 157 mil homens
para o nível pré-eleitoral: 138 mil.
Saddam
Advogados do ex-ditador disseram que ele deve se apresentar
hoje ao tribunal que o julga pela
morte de mais de 140 xiitas em
1982. As audiências serão retomadas após três adiamentos, o último dos quais, há duas semanas,
quando Saddam não foi à corte.
Com agências internacionais
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