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ELEIÇÃO NOS EUA
Discurso sobre o Estado da União foi o menos bem avaliado do mandato; presidente foi superficial, diz oposição
Bush recebe críticas por "tom eleitoreiro"
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O discurso anual do presidente
dos EUA, George W. Bush, sobre
o Estado da União, anteontem à
noite, despertou críticas entre os
democratas (oposição) e em segmentos da opinião pública norte-americana, incluindo os jornais
mais influentes do país.
Bush foi criticado por usar o discurso como instrumento eleitoral
e por abordar apenas superficialmente temas importantes para o
público, como saúde e, principalmente, economia e emprego.
Dos pronunciamentos que
Bush fez em seu mandato, este foi
o menos bem avaliado pela opinião pública, segundo pesquisa
CNN/"USA Today"/Gallup.
Segundo o levantamento, feito
anteontem à noite logo após o discurso presidencial, 45% responderam que acharam a fala de Bush
"muito positiva". Em 2002 e 2003,
Bush teve percentuais de 74% e
50%, respectivamente.
Na última pesquisa, o presidente também ampliou o percentual
dos que acreditam que sua administração esteja levando o país
"para a direção errada". O número atingiu 26% ontem, contra 7%
em 2002 e 20% no ano passado.
Dos entrevistados anteontem,
46% declararam ser republicanos,
e apenas 26%, democratas.
Pé na estrada
Ontem, o presidente iniciou um
giro por três Estados do país considerados cruciais em seus planos
de reeleição em novembro (Ohio,
Arizona e Novo México).
Bush pretende fazer eventos semelhantes até a terça-feira próxima, quando será realizada, em
New Hampshire (Costa Leste dos
EUA), mais uma prévia para a escolha do candidato democrata
que desafiará o presidente. Sete
pré-candidatos disputam a vaga.
Ontem, assessores dos principais pré-candidatos criticaram o
"tom eleitoreiro" da fala de Bush.
"Foi o pontapé inicial de sua
campanha para a reeleição", disse
à Folha Maria Echaveste, assessora da campanha de Howard Dean,
um dos favoritos à vaga de candidato presidencial democrata, e
ex-chefe-de-gabinete-adjunta do
ex-presidente Bill Clinton.
"É impressionante como Bush
amarrou todo o seu discurso econômico, político e social em torno
de sua campanha contra o terrorismo. A mensagem é a seguinte:
se você é contra as propostas e as
medidas dele, então é a favor do
terrorismo", disse Echaveste.
Anabolizantes e déficit
"Bush gastou mais tempo falando sobre anabolizantes e jogadores de beisebol do que sobre a economia. Pediu cortes de impostos
permanentes e não deu uma palavra sobre como resolver o déficit
recorde de US$ 500 bilhões", disse
Dan Gerstein, diretor-adjunto de
comunicações do pré-candidato
Joe Lieberman.
Em campanha em New Hampshire, o pré-candidato John Kerry,
vencedor do caucus (prévia) democrata de segunda-feira no Estado de Iowa, disse que a opinião
pública não deveria acreditar "em
nada do que Bush diz".
"Há dois meses Bush afirmou
que a economia passaria a criar
250 mil empregos por mês. Ontem (anteontem) admitiu que só
mil vagas novas apareceram em
dezembro", disse Kerry.
A vitória do pré-candidato na
prévia de Iowa já trouxe resultados para sua campanha. De segunda-feira até ontem, Kerry registrou o ingresso de US$ 250 mil
em doações espontâneas pela internet. O senador por Massachusetts também recebeu o apoio de
20 figuras conhecidas do Partido
Democrata de New Hampshire
para a prévia da semana que vem.
Também em campanha no Estado, o general da reserva Wesley
Clark disse não concordar com a
"premissa" de Bush em seu discurso de que a Guerra do Iraque
"é parte da campanha norte-americana contra o terrorismo".
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