São Paulo, quinta-feira, 22 de janeiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Discurso aguça luta política no Congresso

SHERYL GAY STOLBERG
DO "NEW YORK TIMES"

O discurso presidencial sobre o Estado da União é, em geral, mais ou menos como um casamento -uma ocasião formal, com um quê de celebração, que expõe uma grande visão do futuro.
Mas, quando ele acontece num ano eleitoral -e apenas um dia após uma disputa renhida entre democratas interessados em derrotar um presidente republicano-, a celebração pode se tornar um tanto quanto cheia de armadilhas.
O primeiro sinal disso surgiu apenas alguns minutos após o início do discurso, de cerca de uma hora, quando o presidente George W. Bush disse ao Congresso: "A economia americana está se fortalecendo. Os cortes de impostos que vocês aprovaram estão dando resultado".
Os republicanos reagiram com gritos de exclamação, saltando de suas cadeiras para aplaudir. Já os democratas (oposição) permaneceram sentados, com as mãos sobre o colo, num silêncio estóico. E assim foi durante boa parte do discurso presidencial.
Mas, quando Bush declarou que o Patriot Act (conjunto de leis antiterrorismo aprovado nos EUA após o 11 de Setembro) estava perto de expirar -no que deveria ser uma mensagem de estímulo para que o Congresso estendesse sua validade-, foram os democratas que, opositores da lei, interromperam o presidente com aplausos.
Bush chegou, na terça-feira à noite, a um Capitólio (Congresso) imerso no clima político.
No Senado, democratas ainda digeriam a surpreendente vitória de um de seus colegas, o senador John Kerry (Massachusetts), no caucus de Iowa, na segunda-feira.
Já na Câmara dos Representantes, alguns deputados democratas reclamavam da decisão de Richard Gephardt, ex-líder do partido na Casa, de se afastar da disputa pela vaga democrata na eleição para a Casa Branca no final do ano.
"Ouvi falar que o cerne da mensagem do presidente será "vamos manter o mesmo caminho'", disse o senador democrata Byron Dorgan (Dakota do Norte) horas antes do discurso de Bush. "Se for verdade, a mensagem está fora dos trilhos."
Já os republicanos receberam o presidente com o calor e a animação reservados a um conquistador -ou, pelo menos, a um comandante-em-chefe. "O presidente tem uma história a contar sobre o que conseguiu fazer pela América nos últimos três anos", disse o senador Rick Santorum (Pensilvânia), da liderança do Partido Republicano.
O discurso ocorreu no primeiro dia da retomada das atividades no Congresso em 2004. Muitos parlamentares não se encontravam havia várias semanas, mas as férias de final de ano pouco fizeram para amenizar as disputas partidárias que dominaram o Capitólio durante o ano passado.
E todos olhavam atentamente para Bush em busca de algo que pudesse elevar ainda mais o tom da luta política na Casa.


Texto Anterior: Eleição nos EUA: Bush recebe críticas por "tom eleitoreiro"
Próximo Texto: Multimídia: Corte de impostos ofusca questões-chave
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.