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Discurso aguça luta política no Congresso
SHERYL GAY STOLBERG
DO "NEW YORK TIMES"
O discurso presidencial sobre o Estado da União é, em
geral, mais ou menos como
um casamento -uma ocasião formal, com um quê de
celebração, que expõe uma
grande visão do futuro.
Mas, quando ele acontece
num ano eleitoral -e apenas um dia após uma disputa renhida entre democratas
interessados em derrotar
um presidente republicano-, a celebração pode se
tornar um tanto quanto
cheia de armadilhas.
O primeiro sinal disso surgiu apenas alguns minutos
após o início do discurso, de
cerca de uma hora, quando o
presidente George W. Bush
disse ao Congresso: "A economia americana está se fortalecendo. Os cortes de impostos que vocês aprovaram
estão dando resultado".
Os republicanos reagiram
com gritos de exclamação,
saltando de suas cadeiras para aplaudir. Já os democratas
(oposição) permaneceram
sentados, com as mãos sobre
o colo, num silêncio estóico.
E assim foi durante boa parte do discurso presidencial.
Mas, quando Bush declarou que o Patriot Act (conjunto de leis antiterrorismo
aprovado nos EUA após o 11
de Setembro) estava perto
de expirar -no que deveria
ser uma mensagem de estímulo para que o Congresso
estendesse sua validade-,
foram os democratas que,
opositores da lei, interromperam o presidente com
aplausos.
Bush chegou, na terça-feira à noite, a um Capitólio
(Congresso) imerso no clima político.
No Senado, democratas
ainda digeriam a surpreendente vitória de um de seus
colegas, o senador John
Kerry (Massachusetts), no
caucus de Iowa, na segunda-feira.
Já na Câmara dos Representantes, alguns deputados
democratas reclamavam da
decisão de Richard Gephardt, ex-líder do partido
na Casa, de se afastar da disputa pela vaga democrata na
eleição para a Casa Branca
no final do ano.
"Ouvi falar que o cerne da
mensagem do presidente será "vamos manter o mesmo
caminho'", disse o senador
democrata Byron Dorgan
(Dakota do Norte) horas antes do discurso de Bush. "Se
for verdade, a mensagem está fora dos trilhos."
Já os republicanos receberam o presidente com o calor e a animação reservados
a um conquistador -ou,
pelo menos, a um comandante-em-chefe. "O presidente tem uma história a
contar sobre o que conseguiu fazer pela América nos
últimos três anos", disse o
senador Rick Santorum
(Pensilvânia), da liderança
do Partido Republicano.
O discurso ocorreu no primeiro dia da retomada das
atividades no Congresso em
2004. Muitos parlamentares
não se encontravam havia
várias semanas, mas as férias
de final de ano pouco fizeram para amenizar as disputas partidárias que dominaram o Capitólio durante o
ano passado.
E todos olhavam atentamente para Bush em busca
de algo que pudesse elevar
ainda mais o tom da luta política na Casa.
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