São Paulo, quinta-feira, 22 de janeiro de 2004

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AMÉRICA LATINA

Escrito em 2000, documento revelado pelo jornal "El Tiempo" diz que ação não altera o padrão do narcotráfico

Relatório da CIA prevê fracasso do Plano Colômbia

DA REDAÇÃO

O Plano Colômbia, programa antidrogas financiado por Washington, não reduzirá a produção de narcóticos nem sua oferta nos Estados Unidos, concluiu um documento da CIA (agência de inteligência americana) escrito em 2000 e revelado ontem pelo jornal "El Tiempo", de Bogotá.
O documento "O impacto potencial do Plano Colômbia no tráfico de coca nos Andes: um exame de dois cenários" foi finalizado meses antes de o plano ter sido colocado em prática.
Até agora, o governo colombiano recebeu cerca de US$ 2,5 bilhões do governo norte-americano. Outros US$ 700 milhões estão previstos para este ano. O país é o terceiro em volume de ajuda financeira de Washington, atrás apenas de Israel e do Egito.
Como diz o título, faz duas projeções distintas. O primeiro cenário aponta que, até 2005, fim do cronograma inicial do Plano Colômbia, o país terá erradicado cerca de 50% das plantações de coca nos Departamentos de Caquetá e Putumayo, este com forte presença das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), guerrilha terrorista de esquerda.
Segundo o "El Tiempo", essa foi a meta estipulada durante a elaboração do Plano Colômbia, ainda no governo do democrata Bill Clinton (1993-2001).
"Ainda que esses resultados conduzam a algumas mudanças nos padrões do tráfico e na produção na Colômbia, não alterarão o negócio da coca de forma significativa nem na Colômbia nem na região andina", diz o relatório.
A segunda tese estima que a destruição das plantações de coca -feita por meio de pulverização aérea- venha a ser de 80%.
"Os traficantes colombianos tratarão de compensar a redução da produção de coca no país importando pasta de coca de países vizinhos, especialmente o Peru. Como resultado, esse cenário de 80% conduzirá quase certamente a um aumento dos cultivos nos países vizinhos", diz o relatório.
As censuras da CIA repetem as dos críticos do plano, que também prevêem uma migração do cultivo e do tráfico.
Em entrevista no domingo, o embaixador dos EUA em Bogotá, William Wood, admitiu que, apesar do recorde de área pulverizadas, não houve um impacto substancial no consumo de drogas nos EUA. O governo colombiano não comentou o relatório.


Com agências internacionais

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