São Paulo, quinta-feira, 22 de janeiro de 2004

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Presidente evita falar de desafios futuros

The Washington Post - de Washington

EUA - "O presidente Bush ofereceu ontem à noite pouco de uma descrição do estado da União e muito de um apelo inicial em busca da reeleição." Com essa frase o jornal "Washington Post" abriu o ironicamente intitulado editorial "Estado da Plataforma", que traz severas críticas à administração republicana.
Segundo o diário da capital norte-americana, o presidente, com todo o direito, assumiu o crédito pela deposição de Saddam Hussein e pelo ambicioso plano de transformar o Oriente Médio.
"Ainda assim, como já ocorreu muitas vezes, o sr. Bush não se deteve nos desafios que restam à frente no Iraque e não fez qualquer menção ao seu custo provável. E, como antes, propôs gastar ainda mais e taxar ainda menos, apesar das dívidas cada vez maiores do governo. Foi difícil não se impressionar com a natureza pequena de algumas propostas do sr. Bush, com os objetivos claramente políticos de outras e, acima de tudo, com a recusa em enfrentar algumas das sérias questões que estão diante do país."
Na opinião do "Washington Post", o presidente George W. Bush acertou ao prestar homenagens aos militares norte-americanos que morreram no Iraque. "No entanto não ofereceu nenhuma reflexão sobre suas exageradas ou errôneas alegações a respeito das armas do Iraque feitas no Discurso sobre o Estado da União há um ano. Em vez disso, ele tentou ocultar a distância entre o que havia dito e o que foi encontrado com uma breve e dolorosa referência a "atividades do programa relacionado a armas de destruição em massa"."
A crítica do "Washington Post" quanto à superficialidade do discurso de Bush sobre a política externa também se repetiu para os trechos em que o presidente abordou assuntos internos dos Estados Unidos. O editorial destacou que Bush gastou com a reforma da Previdência Social a metade do tempo que empregou para recomendar aos atletas profissionais "que se livrassem imediatamente dos esteróides".
"Diante de déficits recordes, um caro novo programa de remédios e custos cada vez mais elevados no Iraque e Afeganistão, foi de tirar o fôlego, e ao mesmo tempo pouco surpreendente, que o sr. Bush tenha repetido seu apelo para que o corte de impostos se torne permanente. Nós gostaríamos muito de um debate nacional responsável para colocar a Previdência Social em uma rota financeira sustentável, mas a despreocupada ressuscitação da proposta de sua campanha de 2000 para a criação de contas privadas é incapaz de confrontar os custos e complexidades de tal mudança."


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