São Paulo, quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

foco

Rodopios presidenciais em 10 bailes tentam mobilizar o público politicamente

DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

Com duas guerras, uma crise econômica e muito por debater, o país da Broadway e de Hollywood se permitiu outros dilemas na noite da posse do presidente Barack Obama.
"O rodopio é um momento muito importante da dança nos bailes oficiais. Tem que ter", dizia um comentarista de TV no canal de notícias MSNBC, que transmitiu ao vivo a passagem do casal presidencial pelos dez bailes comemorativos da posse, na noite de terça-feira e início da madrugada de quarta.
Ponto alto no folclore presidencial americano, os bailes celebram quem deu o sangue pela campanha eleitoral e preparam a base mais atuante do partido (nesse caso, o Democrata) para os próximos quatro anos. Em cada um deles, Obama pedia que os presentes continuem engajados em abrir espaço para o projeto político da agremiação.
"A mensagem de Obama foi para que trabalhemos juntos. Nossa batalha agora é a eleição para governador de Minnesota, em 2010", disse à Folha a carioca Claudia Cody, 45, democrata atuante no Estado, presente ao Baile do Meio-Oeste, e que foi delegada na Convenção Democrata.
"Como tinha muitos lugares para ir, Obama só ficou 10 minutos conosco, no palco. Eu queria cumprimentá-lo, mas não deu para tirar nenhuma casquinha. Quando ele foi embora, lá pela meia-noite, a festa acabou, e levei uma hora para pegar meu casaco na chapelaria", diz.
No Baile da Juventude, com artistas como Kanye West no palco e transmissão ao vivo pela MTV, Obama recebeu voluntários de 18 a 35 anos atuantes na campanha.
No Baile do Comandante-em-Chefe, havia militares e veteranos de guerras. Por videoconferência, o presidente cumprimentou soldados de Illinois (seu berço político) que estão no Afeganistão e falou com eles sobre basquete.
Em todas as festas, era preciso ser convidado e ainda assim pagar pelo ingresso (não mais que US$ 150) e pelas bebidas alcoólicas. O único aberto ao público (com ingressos limitados, a US$ 25) era o Baile da Vizinhança, o primeiro da noite. Ali, Obama perguntou ao público: "Quão linda é minha mulher?".
Depois, se uniu a ela para a primeira dança (dois pra lá, dois pra cá e só um rodopio) ao centro do palco circular.

Política vs. moda
Com todas as luzes acesas, Obama convocou os presentes a se engajarem politicamente em suas cidades. "Eu amadureci fazendo trabalho comunitário, e esta campanha foi organizada vizinhança a vizinhança", disse.
Mas no noticiário (político ou de moda e celebridades) as festanças eram narradas com destaque para o lado mais glamouroso ou pitoresco -como quando Obama perdeu o passo em uma dança e pisou no vestido da mulher.
Não qualquer vestido, claro, mas um que deu o que falar, branco, longo, bordado, com um ombro de fora. A opção por um estilista com apenas três anos de carreira -Jason Wu, 26- passava uma mensagem política de "aposta no novo", anotou o site InStyle.com.
A escolha ousada foi aprovada por 88% dos 835 adultos que responderam a uma pesquisa da Associated Press-Knowledge Networks ontem. Só 5% não gostaram do modelo, que agora será doado ao Smithsonian Museum, cujo acervo inclui os vestidos das primeiras-damas.

Primeira noite
Enquanto a mãe vira tópico central nos blogs de moda, as primeiras-filhas, Malia, 10, e Sasha, 7, também se tornam mais vigiadas pela mídia.
Os detalhes da primeira noite na Casa Branca, enquanto os pais circulavam pelos bailes, foram escrutinados: receberam colegas da nova escola para sessões dos filmes "Bolt" e "High School Musical 3" e fizeram uma gincana pela Casa Branca.
No último cômodo, o prêmio: os três irmãos que integram a banda adolescente Jonas Brothers -os favoritos das meninas- estavam escondidos atrás da porta.
Para enfrentar as agruras de ser uma primeira-filha, Sasha e Malia contam com os conselhos das predecessoras.
Barbara e Jenna Bush, 27, deixaram para as duas uma carta na qual recomendam que elas se divirtam na nova casa, a qual consideram "mágica", e que "nunca se esqueçam de quem seu pai realmente é" -sobretudo ante as críticas que podem vir.
Filhas de um presidente extremamente impopular, as gêmeas aconselham: "Cerquem-se de amigos fiéis".


Texto Anterior: Americanas
Próximo Texto: Sob nova direção / Raízes pelo mundo: Multicultural, casal recria a imagem da "primeira-família"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.