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foco
Rodopios presidenciais em 10 bailes tentam mobilizar o público politicamente
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Com duas guerras, uma crise econômica e muito por debater, o país da Broadway e de
Hollywood se permitiu outros dilemas na noite da posse
do presidente Barack Obama.
"O rodopio é um momento
muito importante da dança
nos bailes oficiais. Tem que
ter", dizia um comentarista
de TV no canal de notícias
MSNBC, que transmitiu ao
vivo a passagem do casal presidencial pelos dez bailes comemorativos da posse, na
noite de terça-feira e início da
madrugada de quarta.
Ponto alto no folclore presidencial americano, os bailes
celebram quem deu o sangue
pela campanha eleitoral e
preparam a base mais atuante
do partido (nesse caso, o Democrata) para os próximos
quatro anos. Em cada um deles, Obama pedia que os presentes continuem engajados
em abrir espaço para o projeto político da agremiação.
"A mensagem de Obama foi
para que trabalhemos juntos.
Nossa batalha agora é a eleição para governador de Minnesota, em 2010", disse à Folha a carioca Claudia Cody,
45, democrata atuante no Estado, presente ao Baile do
Meio-Oeste, e que foi delegada na Convenção Democrata.
"Como tinha muitos lugares para ir, Obama só ficou 10
minutos conosco, no palco.
Eu queria cumprimentá-lo,
mas não deu para tirar nenhuma casquinha. Quando
ele foi embora, lá pela meia-noite, a festa acabou, e levei
uma hora para pegar meu casaco na chapelaria", diz.
No Baile da Juventude,
com artistas como Kanye
West no palco e transmissão
ao vivo pela MTV, Obama recebeu voluntários de 18 a 35
anos atuantes na campanha.
No Baile do Comandante-em-Chefe, havia militares e
veteranos de guerras. Por videoconferência, o presidente
cumprimentou soldados de
Illinois (seu berço político)
que estão no Afeganistão e falou com eles sobre basquete.
Em todas as festas, era preciso ser convidado e ainda assim pagar pelo ingresso (não
mais que US$ 150) e pelas bebidas alcoólicas. O único
aberto ao público (com ingressos limitados, a US$ 25)
era o Baile da Vizinhança, o
primeiro da noite. Ali, Obama
perguntou ao público: "Quão
linda é minha mulher?".
Depois, se uniu a ela para a
primeira dança (dois pra lá,
dois pra cá e só um rodopio)
ao centro do palco circular.
Política vs. moda
Com todas as luzes acesas,
Obama convocou os presentes a se engajarem politicamente em suas cidades. "Eu
amadureci fazendo trabalho
comunitário, e esta campanha foi organizada vizinhança a vizinhança", disse.
Mas no noticiário (político
ou de moda e celebridades) as
festanças eram narradas com
destaque para o lado mais glamouroso ou pitoresco -como quando Obama perdeu o
passo em uma dança e pisou
no vestido da mulher.
Não qualquer vestido, claro, mas um que deu o que falar, branco, longo, bordado,
com um ombro de fora. A opção por um estilista com apenas três anos de carreira -Jason Wu, 26- passava uma
mensagem política de "aposta no novo", anotou o site
InStyle.com.
A escolha ousada foi aprovada por 88% dos 835 adultos
que responderam a uma pesquisa da Associated Press-Knowledge Networks ontem.
Só 5% não gostaram do modelo, que agora será doado ao
Smithsonian Museum, cujo
acervo inclui os vestidos das
primeiras-damas.
Primeira noite
Enquanto a mãe vira tópico
central nos blogs de moda, as
primeiras-filhas, Malia, 10, e
Sasha, 7, também se tornam
mais vigiadas pela mídia.
Os detalhes da primeira
noite na Casa Branca, enquanto os pais circulavam pelos bailes, foram escrutinados: receberam colegas da nova escola para sessões dos filmes "Bolt" e "High School
Musical 3" e fizeram uma gincana pela Casa Branca.
No último cômodo, o prêmio: os três irmãos que integram a banda adolescente Jonas Brothers -os favoritos
das meninas- estavam escondidos atrás da porta.
Para enfrentar as agruras
de ser uma primeira-filha,
Sasha e Malia contam com os
conselhos das predecessoras.
Barbara e Jenna Bush, 27,
deixaram para as duas uma
carta na qual recomendam
que elas se divirtam na nova
casa, a qual consideram "mágica", e que "nunca se esqueçam de quem seu pai realmente é" -sobretudo ante as
críticas que podem vir.
Filhas de um presidente extremamente impopular, as
gêmeas aconselham: "Cerquem-se de amigos fiéis".
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