São Paulo, quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

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Israel continua filtrando entrada de jornalistas

DO ENVIADO A ASHKELON

O cessar-fogo está em vigor há dias, e as tropas israelenses já se retiraram. Mas a maioria da imprensa mundial ainda está acompanhando o que acontece na faixa de Gaza da mesma forma pela qual cobriu os 22 dias de guerra: do outro lado da fronteira. Dezenas de jornalistas de todo o mundo continuam sendo barrados diariamente no terminal de Erez, a principal passagem da fronteira entre Israel e Gaza.
Nos dias da ofensiva, alguns poucos jornalistas que vivem em Gaza informaram ao mundo o que acontecia na área bombardeada, em colaborações para a mídia estrangeira. Ao lado deles só estavam as grandes redes de TV internacionais do mundo árabe, Al Jazeera e Al Arabyia, que mantêm correspondentes fixos na faixa de Gaza.
Israel justificou a proibição alegando razões de segurança, para impedir o vazamento de informações que pudessem ajudar o inimigo e evitar riscos aos funcionários das passagens de fronteira, que estariam ao alcance de foguetes disparados pelo Hamas. Terminada a operação, contudo, a entrada de jornalistas em Gaza continua limitada. Para a maioria dos jornalistas, é censura pura e simples.
Um recurso da associação de jornalistas estrangeiros em Israel levou a Suprema Corte a tentar dobrar a proibição do governo, pedindo a entrada de um grupo pequeno a cada dia. O acesso, porém, só começou a ocorrer depois do cessar-fogo, e ontem permanecia reduzido, de oito em oito.
Frustrados, muitos decidiram tentar a sorte na passagem de Rafah, no lado egípcio da fronteira. Depois de percorrer centenas de quilômetros, alguns conseguiram entrar, sendo os primeiros a descrever a devastação dos ataques e registrar a reação dos moradores.
Mas o acesso foi fechado na segunda-feira pelo governo egípcio, criando mais um ponto de espera na fronteira de Gaza. "Hoje [ontem] havia mais de 50 jornalistas esperando em Rafah há três dias", disse Elif Ural, da CNN em turco, que ontem foi uma das oito jornalistas que entraram por Erez.
Segundo a agência de notícias Efe, a fronteira egípcia foi aberta ontem aos jornalistas. Mas no lado israelense a entrada continua a conta-gotas. A organização Repórteres sem Fronteiras apresentou um protesto na Embaixada de Israel em Paris, assinada por 160 veículos de imprensa internacionais, contra o "bloqueio noticioso" em Gaza. (MN)


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