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Israel continua filtrando entrada de jornalistas
DO ENVIADO A ASHKELON
O cessar-fogo está em vigor
há dias, e as tropas israelenses
já se retiraram. Mas a maioria
da imprensa mundial ainda está acompanhando o que acontece na faixa de Gaza da mesma
forma pela qual cobriu os 22
dias de guerra: do outro lado da
fronteira. Dezenas de jornalistas de todo o mundo continuam sendo barrados diariamente no terminal de Erez, a
principal passagem da fronteira entre Israel e Gaza.
Nos dias da ofensiva, alguns
poucos jornalistas que vivem
em Gaza informaram ao mundo o que acontecia na área
bombardeada, em colaborações para a mídia estrangeira.
Ao lado deles só estavam as
grandes redes de TV internacionais do mundo árabe, Al Jazeera e Al Arabyia, que mantêm
correspondentes fixos na faixa
de Gaza.
Israel justificou a proibição
alegando razões de segurança,
para impedir o vazamento de
informações que pudessem
ajudar o inimigo e evitar riscos
aos funcionários das passagens
de fronteira, que estariam ao
alcance de foguetes disparados
pelo Hamas. Terminada a operação, contudo, a entrada de
jornalistas em Gaza continua
limitada. Para a maioria dos
jornalistas, é censura pura e
simples.
Um recurso da associação de
jornalistas estrangeiros em Israel levou a Suprema Corte a
tentar dobrar a proibição do governo, pedindo a entrada de um
grupo pequeno a cada dia. O
acesso, porém, só começou a
ocorrer depois do cessar-fogo, e
ontem permanecia reduzido,
de oito em oito.
Frustrados, muitos decidiram tentar a sorte na passagem
de Rafah, no lado egípcio da
fronteira. Depois de percorrer
centenas de quilômetros, alguns conseguiram entrar, sendo os primeiros a descrever a
devastação dos ataques e registrar a reação dos moradores.
Mas o acesso foi fechado na
segunda-feira pelo governo
egípcio, criando mais um ponto
de espera na fronteira de Gaza.
"Hoje [ontem] havia mais de 50
jornalistas esperando em Rafah há três dias", disse Elif Ural,
da CNN em turco, que ontem
foi uma das oito jornalistas que
entraram por Erez.
Segundo a agência de notícias Efe, a fronteira egípcia foi
aberta ontem aos jornalistas.
Mas no lado israelense a entrada continua a conta-gotas. A organização Repórteres sem
Fronteiras apresentou um protesto na Embaixada de Israel
em Paris, assinada por 160 veículos de imprensa internacionais, contra o "bloqueio noticioso" em Gaza.
(MN)
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