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Para analistas dos EUA, Brasil deve liderar reconstrução
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Cresce nos EUA nos últimos
dias a corrente dos que acham
que os brasileiros, não os americanos, devem liderar as operações de longo prazo na reconstrução do Haiti.
O argumento é que, apesar de
os EUA terem mais recursos e
força militar, o Brasil tem o
know-how por ter passado os
últimos cinco anos liderando a
força de paz da ONU no país.
"É o momento brasileiro de
liderar", pede título de artigo
na revista "Foreign Policy".
"Com o já trôpego Estado
haitiano tendo sido nocauteado, o país vai precisar de um nível sem precedentes de ajuda
internacional nos próximos
anos", escreve Joshua Keating.
"Os EUA estão compreensivelmente tomando a liderança
no esforço de resgate imediato,
mas dado seu comprometimento no Iraque e no Afeganistão e sua história de ocupar frequentemente o Haiti, o país pode não ser o melhor candidato
para um esforço de estabilização de longo prazo."
Esse candidato seria o Brasil,
defende o articulista da "Foreign Policy".
O analista conservador Michael Barone tem pensamento
semelhante. "Nós já ouvimos
bastante sobre as virtudes do
multilateralismo e os males dos
EUA tomando um papel de liderança sozinho. Então vamos
levar em consideração o Brasil,
que já está engajado ali", diz.
Para Max Boot, do Council
on Foreign Relations, "há pouca chance de que nós assumamos a missão de paz. Mas faria
sentido dar mais apoio ao trabalho da Minustah".
Indagado sobre o assunto em
entrevista coletiva na noite de
anteontem, Arturo Valenzuela,
secretário-assistente do Departamento de Estado para assuntos do hemisfério Ocidental, deu resposta cautelosa.
"Se o Brasil estiver disposto a
colocar muito mais recursos no
Haiti, será extraordinariamente bem-vindo", disse o diplomata número um do governo
obamista para a América Latina. "Mas tudo tem de ser cuidadosamente coordenado com as
Nações Unidas."
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