São Paulo, sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

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Para analistas dos EUA, Brasil deve liderar reconstrução

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Cresce nos EUA nos últimos dias a corrente dos que acham que os brasileiros, não os americanos, devem liderar as operações de longo prazo na reconstrução do Haiti.
O argumento é que, apesar de os EUA terem mais recursos e força militar, o Brasil tem o know-how por ter passado os últimos cinco anos liderando a força de paz da ONU no país.
"É o momento brasileiro de liderar", pede título de artigo na revista "Foreign Policy".
"Com o já trôpego Estado haitiano tendo sido nocauteado, o país vai precisar de um nível sem precedentes de ajuda internacional nos próximos anos", escreve Joshua Keating.
"Os EUA estão compreensivelmente tomando a liderança no esforço de resgate imediato, mas dado seu comprometimento no Iraque e no Afeganistão e sua história de ocupar frequentemente o Haiti, o país pode não ser o melhor candidato para um esforço de estabilização de longo prazo."
Esse candidato seria o Brasil, defende o articulista da "Foreign Policy".
O analista conservador Michael Barone tem pensamento semelhante. "Nós já ouvimos bastante sobre as virtudes do multilateralismo e os males dos EUA tomando um papel de liderança sozinho. Então vamos levar em consideração o Brasil, que já está engajado ali", diz.
Para Max Boot, do Council on Foreign Relations, "há pouca chance de que nós assumamos a missão de paz. Mas faria sentido dar mais apoio ao trabalho da Minustah".
Indagado sobre o assunto em entrevista coletiva na noite de anteontem, Arturo Valenzuela, secretário-assistente do Departamento de Estado para assuntos do hemisfério Ocidental, deu resposta cautelosa.
"Se o Brasil estiver disposto a colocar muito mais recursos no Haiti, será extraordinariamente bem-vindo", disse o diplomata número um do governo obamista para a América Latina. "Mas tudo tem de ser cuidadosamente coordenado com as Nações Unidas."


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