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Brasil corre para alocar contingente militar extra
DO ENVIADO A PORTO PRÍNCIPE
Embora tenha no início titubeado quanto ao aumento de
tropas da Minustah, o Brasil
agora decidiu correr. Em dois
dias, o comando do contingente brasileiro da força de paz da
ONU já definiu local para os
900 novos soldados previstos
(outros 400 ficam em situação
de espera e poderão ser acrescentados no futuro). Será um
novo batalhão, o Brabatt 2, ao
lado do atual.
A terraplanagem já está feita,
e os contêineres que abrigarão
quartos, banheiros, escritórios
e refeitório começarão a ser
montados em breve. "Isso pode
ser feito em 15 a 30 dias no máximo", diz o comandante do
Brabatt, coronel João Batista
Bernardes.
Atualmente, o Brasil tem cerca de 1.200 militares na força
de paz e já gastou R$ 700 milhões em cinco anos. O contingente extra, portanto, poderá
mais do que dobrar o efetivo. O
reforço será prioritariamente
empregado na segurança.
A novidade, segundo o comandante, é que parte do novo
efetivo poderá ser enviado para
outras partes do país. Atualmente, todo o batalhão brasileiro serve em Porto Príncipe.
"Isso dependerá de uma avaliação ainda da questão de segurança", afirmou Bernardes.
"Guerra psicológica"
O aumento do efetivo ocorre
após a chegada de cerca de 10
mil soldados americanos na cidade. O Brasil não gostou de ver
a presença de tantos fuzileiros
navais dos EUA no aeroporto e
em pontos estratégicos como o
palácio presidencial.
"Os americanos têm um senso muito agudo de imagem, e
são conhecidos por fazer muito
bem guerra psicológica", declarou o comandante.
O contingente brasileiro da
Minustah também recebeu informações de que os americanos avançam em outras frentes
de propaganda. Uma delas é a
distribuição de bandeiras dos
EUA, que começaram a aparecer com maior frequência pela
cidade. Também se atribuem
aos americanos algumas pichações em muros pedindo a saída
da Minustah.
O Brasil também está incomodado com demonstrações
ofensivas de presença americana em algumas áreas. Bernardes afirmou que no máximo
pode haver "reconhecimento
de terreno" por parte de fuzileiros navais. Ou seja, patrulhas e
passeio a pé. Nada mais.
"Reconhecimento de terreno
a pé é normal e esperado. Mas
patrulhas motorizadas em pontos como Cité Soleil (maior favela da capital haitiana) são exclusividade da Minustah", afirmou o comandante do batalhão
brasileiro. Também há permissão da força da ONU de que os
EUA respondam com tiros se
forem atacados. Segundo Bernardes, qualquer procedimento dos americanos que fuja dessa orientação será denunciado
ao comando da Minustah.
(FZ)
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