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IRAQUE OCUPADO
Órgão não comenta condições de captura do ex-ditador; administrador dos EUA vê eleição em até 15 meses
Cruz Vermelha visita Saddam no Iraque
DA REDAÇÃO
Representantes do Comitê Internacional da Cruz Vermelha
(CICV) visitaram ontem Saddam
Hussein, 66, pela primeira vez
desde a captura do ex-ditador iraquiano por tropas dos EUA, em
dezembro último.
"A visita ocorreu nesta manhã,
horário de Bagdá", disse ontem
em Genebra Antonella Notari,
porta-voz da CICV. Ela disse apenas que a visita ocorreu no Iraque,
mas, seguindo acordo com os
EUA, o CICV não detalhou o local
da prisão do ex-ditador.
Como é de costume em visitas
do órgão a detidos, a organização
se recusou a comentar as condições da prisão ou o estado de saúde do iraquiano.
A equipe da Cruz Vermelha era
composta de um tradutor e um
médico. Saddam escreveu uma
mensagem para ser entregue à
sua família, disse Notari.
"A delegação queria ter certeza
de que recursos humanitários básicos estavam sendo fornecidos [a
Saddam]", disse Nada Doumani,
porta-voz do CICV.
Segundo os termos das Convenções de Genebra para prisioneiros
de guerra, que, segundo Washington, estão sendo estendidos a
Saddam, as tropas dos EUA são
obrigadas a permitir visitas do
CICV ao ex-ditador.
Após ser deposto pelas tropas
anglo-americanas, em abril, Saddam deixou Bagdá e passou oito
meses foragido, até ser capturado
por soldados dos EUA num buraco perto de sua região natal, em
Tikrit, ao norte de Bagdá.
Notari disse que o encontro de
ontem ocorreu de acordo com as
condições exigidas pela Cruz Vermelha, sem a presença dos captores. Os americanos também deram garantias de que poderá haver novas visitas, embora uma data não tenha sido marcada.
A Cruz Vermelha já visitou mais
de 10 mil detidos no Iraque, entre
civis e militares, desde a queda do
regime de Saddam, muitos dos
quais já foram liberados.
Eleição
O administrador civil dos EUA
no Iraque, Paul Bremer, disse ontem que a ONU acredita que pode
levar até 15 meses para a realização de eleições no país. A entidade
não confirmou tal estimativa.
Bremer declarou à TV do Dubai
Al Arabiya que a ausência de leis
eleitorais, registros de eleitores e
dados de censo confiáveis são
obstáculos para uma rápida eleição, como exigem líderes da
maioria xiita do país, oprimida
durante a ditadura de Saddam.
"A ONU estima algo entre um
ano e 15 meses" para a realização
de eleições, disse Bremer, ressaltando porém que os preparativos
podem ser acelerados.
O principal líder xiita iraquiano,
o grande aiatolá Ali al Husseini al
Sistani, exigia eleições para escolher um novo governo e um Parlamento antes de 30 de junho, data
estabelecida pelos EUA para a
transferência de poder das forças
ocupantes aos iraquianos. Sistani
já teria aceito realizar o pleito depois da transferência de poder,
mas num prazo muito menor do
que o referido por Bremer.
Violência
Insurgentes atacaram um comboio militar americano perto de
Haswa, 45 km ao sul de Bagdá,
matando um intérprete iraquiano
e ferindo quatro soldados americanos, disse o comando dos EUA.
Com agências internacionais
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