São Paulo, domingo, 22 de fevereiro de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Órgão não comenta condições de captura do ex-ditador; administrador dos EUA vê eleição em até 15 meses

Cruz Vermelha visita Saddam no Iraque

DA REDAÇÃO

Representantes do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) visitaram ontem Saddam Hussein, 66, pela primeira vez desde a captura do ex-ditador iraquiano por tropas dos EUA, em dezembro último.
"A visita ocorreu nesta manhã, horário de Bagdá", disse ontem em Genebra Antonella Notari, porta-voz da CICV. Ela disse apenas que a visita ocorreu no Iraque, mas, seguindo acordo com os EUA, o CICV não detalhou o local da prisão do ex-ditador.
Como é de costume em visitas do órgão a detidos, a organização se recusou a comentar as condições da prisão ou o estado de saúde do iraquiano.
A equipe da Cruz Vermelha era composta de um tradutor e um médico. Saddam escreveu uma mensagem para ser entregue à sua família, disse Notari.
"A delegação queria ter certeza de que recursos humanitários básicos estavam sendo fornecidos [a Saddam]", disse Nada Doumani, porta-voz do CICV.
Segundo os termos das Convenções de Genebra para prisioneiros de guerra, que, segundo Washington, estão sendo estendidos a Saddam, as tropas dos EUA são obrigadas a permitir visitas do CICV ao ex-ditador.
Após ser deposto pelas tropas anglo-americanas, em abril, Saddam deixou Bagdá e passou oito meses foragido, até ser capturado por soldados dos EUA num buraco perto de sua região natal, em Tikrit, ao norte de Bagdá.
Notari disse que o encontro de ontem ocorreu de acordo com as condições exigidas pela Cruz Vermelha, sem a presença dos captores. Os americanos também deram garantias de que poderá haver novas visitas, embora uma data não tenha sido marcada.
A Cruz Vermelha já visitou mais de 10 mil detidos no Iraque, entre civis e militares, desde a queda do regime de Saddam, muitos dos quais já foram liberados.

Eleição
O administrador civil dos EUA no Iraque, Paul Bremer, disse ontem que a ONU acredita que pode levar até 15 meses para a realização de eleições no país. A entidade não confirmou tal estimativa.
Bremer declarou à TV do Dubai Al Arabiya que a ausência de leis eleitorais, registros de eleitores e dados de censo confiáveis são obstáculos para uma rápida eleição, como exigem líderes da maioria xiita do país, oprimida durante a ditadura de Saddam.
"A ONU estima algo entre um ano e 15 meses" para a realização de eleições, disse Bremer, ressaltando porém que os preparativos podem ser acelerados.
O principal líder xiita iraquiano, o grande aiatolá Ali al Husseini al Sistani, exigia eleições para escolher um novo governo e um Parlamento antes de 30 de junho, data estabelecida pelos EUA para a transferência de poder das forças ocupantes aos iraquianos. Sistani já teria aceito realizar o pleito depois da transferência de poder, mas num prazo muito menor do que o referido por Bremer.

Violência
Insurgentes atacaram um comboio militar americano perto de Haswa, 45 km ao sul de Bagdá, matando um intérprete iraquiano e ferindo quatro soldados americanos, disse o comando dos EUA.


Com agências internacionais

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