São Paulo, domingo, 22 de fevereiro de 2004

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CRISE

Boicote pregado pelos reformistas tem sucesso apenas parcial, e linha dura deve reassumir comando do Parlamento

Conservadores lideram apuração na eleição iraniana

DA REDAÇÃO

A apuração parcial dos votos para o Parlamento iraniano indicava ontem a vitória dos conservadores do país, em eleição marcada pelo baixo comparecimento e o boicote dos reformistas.
Aliados do aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país, e contrários ao projeto de reformas do presidente Mohammad Khatami, os conservadores haviam conquistado, até a conclusão desta edição, 133 das 290 cadeiras no Parlamento.
Com a apuração encerrada em mais da metade dos distritos do país, os reformistas tinham eleito 37 representantes. O bloco reformista, que desde 2000 dominava 70% da Casa, pregou boicote à eleição realizada anteontem, em estratégia de sucesso parcial.
Segundo o vice-presidente Mohammad Ali Abtahi (reformista), levantamento inicial indicava que cerca de 50% dos 46 milhões de eleitores votaram -em 2000, quando os reformistas venceram, 67,2% foram às urnas. Em Teerã, de acordo com o vice, o índice ficou em 29% do eleitorado.
O motivo do boicote reformista foi o veto às candidaturas de cerca de 2.500 reformistas pelo Conselho de Guardiães, órgão que tem membros apontados pelo aiatolá Khamenei para zelar pelo respeito à Constituição. Mais de 80 deputados que tentavam a reeleição não puderam concorrer.
Com a derrota iminente, os reformistas adotaram discurso de "vitória moral", argumentando que os conservadores não tiveram adversário. "Foi uma eleição sem competição", disse Rajab Ali Mazrouli, da reformista Frente de Participação do Irã Islâmico.
Entretanto, a provável queda no índice de participação, apesar de acentuada, deve ficar aquém do que previam analistas independentes e os próprios reformistas, que esperavam o comparecimento de cerca de 20% dos eleitores.
Ademais, o establishment conservador previa ontem que o índice final de comparecimento seria mais alto -60%, segundo a rádio estatal. Os jornais pró-Khamenei descreveram como "notável" e "excelente" a corrida às urnas.


Com agências internacionais

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