Governador do Estado de Lara, Henry Falcón diz ter cansado de "esperar para conversar" com o presidente

DO ENVIADO ESPECIAL A CANCÚN (MÉXICO)

O líder regional mais popular da Venezuela, o governador do Estado de Lara, Henry Falcón, anunciou ontem o rompimento político com o presidente Hugo Chávez.
Em carta ao ex-aliado vazada à imprensa, ele justifica a decisão afirmando que "há vários anos, tenho estado à espera da possibilidade de conversar" com ele, sem sucesso.
"A relação entre um chefe de Estado e os governadores e prefeitos não pode se limitar à emissão de instruções ou ordens sem a mínima oportunidade de confrontar pontos de vista, analisar prós e contras de determinadas iniciativas e revisar ou revogar decisões que, após a sua execução, acabam sendo prejudiciais ou inconvenientes", afirma o governador.
Falcón criticou ainda o governista PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), do qual se desfiliou. Para ele, a agremiação, criada em 2007, foi "minada pela burocracia, pela ausência de discussão, pelo clientelismo, pelo grupalismo e por um mal-entendido conceito de lealdade".
Falcón diz que quer se filiar ao partido Pátria para Todos (PPT, esquerda), que formalmente apoia Chávez, mas se recusou a se fundir ao PSUV e deixou de ter participação no governo. A agremiação, porém, disse que foi pega de surpresa e que não sabe se o aceitará.
Em 2008, ele foi eleito governador com a porcentagem mais alta do país em 2008, 73% dos votos válidos. O Estado de Lara (noroeste) tem cerca de 800 mil dos 28 milhões de habitantes da Venezuela.
A saída de Falcón ocorre um dia depois de Chávez ter promulgado a Lei do Conselho Federal de Governo, que lhe permite reorganizar a divisão política venezuelana, com a criação de até dez territórios federais por cima dos 23 Estados e do Distrito Capital (Caracas), que continuam a existir, mas com menos atribuições e recursos.
A nova divisão deve ser anunciada pelo governo nos próximos dias.0 (FABIANO MAISONNAVE)


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