São Paulo, segunda-feira, 22 de março de 2004

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AFEGANISTÃO

Mirwais Sadiq era filho do poderoso Ismail Khan, governador de Herat; circunstâncias da morte não estão claras

Ministro da Aviação afegão é assassinado

DA REDAÇÃO

Combatentes leais a Zaher Naib Zada, um chefe de guerra da região de Herat, no oeste do Afeganistão, mataram ontem o ministro da Aviação do país, Mirwais Sadiq, desencadeando uma onda de violência com armas pesadas e com tanques na qual cerca de cem pessoas morreram, segundo disse Zada à agência de notícias Associated Press.
A morte de Sadiq, filho do poderoso governador de Herat, Ismail Khan, que era um dos líderes da Aliança do Norte (grupo liderado por chefes de guerra que contribuiu ativamente para a deposição do regime do Taleban), tende a deixar ainda mais instável a situação na região. Sadiq foi a terceira autoridade assassinada nos últimos tempos.
Em Cabul, o ministro da Defesa, Mohammed Fahim, ordenou um cessar-fogo imediato e o envio do Exército Nacional Afegão, que, recentemente, terminou um treinamento ministrado por militares americanos, à região -para tentar controlar a situação.
Suas ordens foram dadas após uma reunião de emergência do gabinete do presidente Hamid Karzai, cujo poder, de acordo com analistas, se concentra em Cabul, já que, no interior do país, chefes de guerra ou tribais locais são considerados mais importantes pela população.
De acordo com Khaleeq Ahmed, porta-voz da Presidência, Sadiq foi morto em seu carro, mas os detalhes do caso ainda não estavam claros para as autoridades.
Porém Zada conversou, por telefone, com a Associated Press e disse que seus comandados tinham matado o ministro da Aviação num enfrentamento ocorrido depois que Sadiq tinha ido à casa de Zada para despedi-lo. Zada é comandante militar da região.
Posteriormente, as forças de Zada e soldados fiéis a Sadiq entraram em conflito pelo controle da sede da divisão militar comandada por Zada. Segundo ele, foram usados tanques, metralhadoras e foguetes no enfrentamento.
Zada afirmou ainda que cerca de cem pessoas morreram e que estava escondido no prédio de sua divisão militar.
Trabalhadores internacionais que lidam com ajuda humanitária disseram, também por telefone, ter ouvido muitos tiros e explosões. Funcionários da ONU tiveram de ficar escondidos no prédio da organização na região.
Porém um policial de Herat divulgou outra versão do ocorrido. Ele disse que Sadiq tinha ido à casa de Zada para tentar obter informações sobre a morte de três civis acontecida dois dias antes. Eles teriam sido mortos pelas forças comandadas por Zada.
Alguns ministros do gabinete de Karzai também pretendiam ir a Herat para tentar determinar o que realmente ocorrera, de acordo com Ahmed.
Militares americanos que atuam na região ficaram em sua base, em posição de defesa, segundo um porta-voz militar. Os EUA disseram tratar-se de um "assunto interno afegão".
Karzai, que, em 2002, escapou a uma tentativa de assassinato, afirmou que estava "profundamente chocado" com a morte de seu ministro e enviou condolências a Khan. Sadiq era visto como o representante de seu pai no governo de Karzai.
Este chegou ao poder depois que forças lideradas pelos EUA -ajudadas pela Aliança do Norte- depuseram o Taleban, regime extremista que dava abrigo a Osama bin Laden, líder da rede terrorista Al Qaeda. Esta foi responsável pelo 11 de Setembro.


Com agências internacionais


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