São Paulo, segunda-feira, 22 de março de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Congressistas dos EUA, Carter e Zapatero vêem erros na presença da coalizão; ataques matam cinco

Críticas à ocupação são intensificadas

DA REDAÇÃO

Dois americanos e três iraquianos morreram entre a noite de sábado e ontem em atentados no Iraque. As ações ocorreram em meio à intensificação das críticas à ocupação do Iraque pela coalizão liderada pelos EUA, um ano depois do início da ofensiva.
Anteontem, mais de 1,7 milhão de pessoas saíram às ruas de várias cidades do mundo para protestar contra a ocupação. O futuro premiê espanhol, José Luis Zapatero, afirmou que a retirada de suas tropas do Iraque é inevitável. "O retorno das forças espanholas é uma decisão difícil de ser evitada", disse ele ao diário espanhol "El País".
Para Zapatero, a ONU poderia assumir o controle do Iraque ao redor de 30 de junho, data marcada para os EUA transferirem a soberania aos iraquianos. "A única forma viável de ocupação seria a ONU assumir o controle político para que forças multinacionais, inclusive de países árabes, estejam envolvidas", afirmou.
O chanceler iraquiano, Hoshiyar Zebari, disse que o Iraque pedirá à ONU que seja aprovada uma resolução que legitime a transferência de poder das autoridades da coalizão aos iraquianos.
Congressistas americanos afirmaram que os EUA estão perdendo credibilidade na Europa devido à situação no Iraque. Para eles, é preciso agir rápido para reparar o estrago ou enfrentar uma erosão do apoio ao combate ao terror. "Se você fosse o presidente e eu fosse secretário de Estado, eu diria: "Pegue o avião agora e vá para a Europa. Este é o momento de se unir à Europa'", disse o senador democrata Joseph Biden.
O ex-presidente dos EUA Jimmy Carter (1977-81) criticou o presidente George W. Bush e o premiê britânico, Tony Blair, por levarem adiante uma guerra desnecessária no Iraque, baseada em "mentiras e equívocos".
Os insurgentes iraquianos lançaram mísseis contra a "zona verde", região de Bagdá que abriga o quartel-general das forças da coalizão, matando ao menos dois iraquianos e ferindo cinco. Em Fallujah, mísseis mataram dois soldados americanos. Em outro episódio, um iraquiano morreu.

Sistani
O aiatolá xiita Ali al Sistani enviou uma carta para um dos conselheiros do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, para criticar a Constituição interina iraquiana, apoiada pelos EUA.
Ele afirmou que a ONU não deve endossar a nova Carta -que prevê uma Presidência compartilhada entre um xiita, um sunita e um curdo- pois ela poderá provocar uma cisão no país.


Com agências internacionais


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