São Paulo, domingo, 22 de abril de 2007

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Questões internas dissipam discussão sobre política externa no debate francês

CÍNTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

Se o governo de Jacques Chirac foi marcado pelo embate com os EUA, sobretudo no que tange o Iraque, os candidatos a sucedê-lo, imersos nas questões cotidianas da França, foram tímidos ao apresentar suas propostas de política externa. E não por falta de assunto.
No âmbito europeu, o desafio começa em junho, com o fim da presidência alemã da União Européia. Na ocasião, os 27 membros deverão adotar o plano da chanceler Angela Merkel para tirar a UE da crise institucional. As rusgas dentro do bloco se agravaram com o "não" que a França deu à adoção de uma Constituição Européia.
A retórica dos candidatos é oscilante. "Eles tentaram acenar para quem votou "não" e para quem votou "sim". Por isso acabaram reduzindo o debate sobre a Europa", diz Robert Chaouad, especialista em Europa na Universidade Paris 8.
A socialista Ségolène Royal e o candidato direitista Nicolas Sarkozy criticaram a rigidez do Banco Central Europeu, pilar econômico do bloco. Já François Bayrou, que se diz de centro, tem um viés mais pró-europeu e defende um reforço de políticas comuns, sobretudo as de segurança.
Mas é quanto aos EUA que surgem as maiores diferenças.
Sarkozy, que criticou a "arrogância" francesa na oposição à Guerra do Iraque, poderá ser o mais pró-americanos dos presidentes franceses, na visão de especialistas. Uma simpatia tão explícita destoa do tom gaullista da política externa francesa -o que fez com que, ao longo dos meses, "Sarkô" fosse amaciando o viés pró-EUA para defender a amizade com os parceiros transatlânticos, mas enfatizando a soberania francesa.
Já Ségolène quer manter distância do presidente George W. Bush, ao passo que busca reforçar o laço com o Partido Democrata. "Consideramos que as decisões tomadas pelo governo Bush agravaram a situação do sistema internacional", disse o porta-voz de Ségolène ao embaixador dos EUA no país.
De olho em uma troca de comando, Bayrou também corteja os democratas: "Não tenho dúvida que em breve haverá um novo governo em Washington".


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