São Paulo, domingo, 22 de abril de 2007

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Fora da campanha, desemprego é o que mais angustia franceses

DO ENVIADO ESPECIAL A PARIS

A razão principal da angústia dos franceses, como revelam as pesquisas, é a persistência há 25 anos de um desemprego elevado, hoje na faixa de pouco mais de 8%.
É verdade que já foi maior, tendo atingido 12,2% no governo do socialista François Mitterrand (1981-1995), mas a queda não serve de consolo para os 2,35 milhões de franceses que buscam emprego (o empresariado calcula que há 1,3 milhão de desempregados que nem aparecem nas estatísticas).
No fim do ano passado, entre os então 25 países da União Européia, a França era a 22ª colocada no ranking de desemprego. Tudo culpa de um anêmico crescimento econômico, que, nos últimos cinco anos, ficou sempre abaixo da média dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Em 2006, o crescimento foi até bastante razoável para uma economia madura, na faixa de 2,1%. Para este ano, a previsão é muito parecida (2%).
Examinada a mais longo prazo, no entanto, a economia cresceu tão pouco nos últimos 25 anos que a renda per capita, que era a sétima maior do mundo, passou a ser a 17ª.
O cenário não vai mudar, nesse capítulo, seja qual for o eleito no dia 6 de maio. Nicolas Sarkozy, líder nas pesquisas, prevê, em seu programa, um crescimento de 2,25 % por ano, em média, até 2012, quando termina o período presidencial.
Parecido é o número usado no programa da socialista Ségolène Royal (2,5 %). Mas o de François Bayrou reduz a perspectiva para 2%. Em contrapartida, é o único a propor equilíbrio entre despesas e receitas. Com Sarkozy ou Ségolène na Presidência, haverá fatalmente um problema de gastos maiores que receitas, com o conseqüente aumento do pesadelo da dívida pública, hoje equivalente a 66% do PIB. É mais do que permite o Tratado de Maastricht, que fixou as regras para a introdução do euro.
Mas não foi a economia o tema dominante na campanha. Houve o que Sarkozy definiu como um "zapping" de temas que surgiam e desapareciam sem que um se fixasse. (CR)


NA INTERNET - Leia íntegra de artigo de Alain Touraine exclusivo para a Folha sobre as eleições www.folha.com.br/071112


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