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Tortura sob Bush pode levar a processos
Obama abre caminho para ações judiciais contra mentores das "técnicas duras de interrogatório" do governo passado
Presidente diz que apoiaria comissão de investigação bipartidária; diretor da CIA escreveu que tortura levou
a "informações valiosas"
DA REDAÇÃO
O presidente americano, Barack Obama, abriu caminho ontem para processos contra autoridades do governo Bush que
criaram o marco legal para torturar suspeitos de terrorismo
em interrogatórios.
Em entrevista na Casa Branca, o democrata afirmou que os
EUA perderam "o patamar moral" com o emprego de táticas
como simulação de afogamento, que eram chamadas de "técnicas duras de interrogatório"
pelo governo anterior.
O comentário de Obama foi
feito um dia após reiterar, na
sede da CIA (onde foi ovacionado), que os funcionários da
agência envolvidos nos abusos
não serão punidos por isso. Ele
havia dito isso na semana passada, quando mandou divulgar
memorandos secretos da gestão anterior sobre a questão.
Ontem, Obama deixou a cargo do secretário da Justiça, Eric
Holder, avaliar se os mentores
dos interrogatórios com tortura devem ser processados. Holder agirá "dentro dos parâmetros de inúmeras leis, e eu não
pretendo prejulgar isso", disse.
Ele declarou também que
apoiaria uma investigação parlamentar bipartidária do programa de detenção de suspeitos
de terrorismo da era Bush. A
porta aberta ontem por Obama
aparentemente contrariou a
declaração de seu chefe de gabinete (equivalente no Brasil a
ministro-chefe da Casa Civil),
Rahm Emanuel, que dissera, no
domingo, que o governo não
apoia processos contra "os que
planejaram a política".
Assessores da Casa Branca
depois informaram que ele tinha se referido aos superiores
da CIA e não às autoridades do
Departamento da Justiça autoras dos memorandos que os autorizavam.
Ontem, o "New York Times"
revelou que o diretor da CIA,
Dennis Blair, escreveu um memorando a seus funcionários,
também na quinta passada, no
qual diz que as técnicas agora
banidas forneceram "informações valiosas". Na versão distribuída à imprensa não havia esse trecho e a agência disse que o
documento passou por processo normal de edição.
A revelação deve munir as
críticas de políticos republicanos e ex-funcionários, como o
ex-diretor da CIA Michael
Hayden, que alegam que a revelação dos memorandos compromete a segurança nacional.
O ex-vice-presidente Dick
Cheney já havia pedido a divulgação de documentos que provariam que os órgãos de inteligência obtiveram dados importantes nos interrogatórios em
que houve prática de tortura.
A revisão da política de combate ao terror de Bush representa uma encruzilhada para
Obama, que a atacou duramente na campanha e é pressionado
pela ala esquerda do Partido
Democrata e no âmbito internacional a punir os abusos.
Com agências internacionais
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