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Papa promete "ação" contra casos de abuso
Bento 16 faz primeira referência direta a escândalo em relato a fiéis de encontro com vítimas em Malta
DA REDAÇÃO
No pronunciamento mais
duro desde o recrudescimento
da crise gerada por acusações
de acobertamento de casos de
pedofilia pela Igreja Católica, o
papa Bento 16 prometeu ontem
"ação" do Vaticano e se referiu,
pela primeira vez em público, a
"abuso por membros do clero".
Durante aparição semanal na
praça São Pedro, Bento 16 relatou o encontro que havia tido
no fim de semana com oito vítimas de abuso sexual por sacerdotes, numa visita de dois dias a
Malta, quando chegou a chorar.
"Eu quis me encontrar com
algumas pessoas que foram vítimas de abuso por integrantes
do clero. Eu compartilhei com
eles seu sofrimento e com emoção rezei com eles, prometendo-lhes ação por parte da igreja", afirmou Bento 16 aos fiéis.
Na ocasião, de acordo com o
Vaticano, o papa havia prometido ainda fazer "tudo o que está ao seu alcance para investigar as alegações, levar à Justiça
aqueles responsáveis e adotar
medidas efetivas para salvaguardar os jovens no futuro".
A referência direta aos casos
de abuso por padres é última
mea-culpa de uma série de
menções veladas feitas por
Bento 16 após onda de novas
acusações envolvendo sacerdotes nos EUA e na Europa e o aumento das críticas ao suposto
acobertamento do Vaticano desatarem a mais grave crise do
seu papado -que na última segunda fez cinco anos.
Em pelo menos um caso, as
acusações de atuação em prol
de supostos acobertamentos
envolveram o próprio Bento 16
antes de se tornar papa, ainda
como o cardeal Ratzinger.
No último dia 12, o Vaticano
publicou em seu site diretrizes
para lidar com as acusações que
recomendam explicitamente
que suspeitas fundamentadas
sejam levadas a tribunais civis.
E, em pronunciamentos públicos e privados desde a semana passada, o papa disse que a
Igreja Católica deve "penitência" pelos seus pecados, é uma
"pecadora ferida" e que "o mal
nunca possui a última palavra".
Em março, Bento 16 também
enviara carta a fiéis irlandeses
pedindo perdão por décadas de
abusos por sacerdotes em instituições católicas, reveladas em
relatório no ano passado. Ele
foi, porém, criticado por não falar em punição dos envolvidos.
Hoje, de acordo com a agência Associated Press, o Vaticano deve anunciar que o sumo
pontífice aceita a renúncia de
um bispo irlandês que pediu
para deixar o posto em dezembro, depois de admitir não ter
agido para punir os envolvidos.
Com agências internacionais
Assista ao vídeo do papa
cochilando durante missa
www.folha.com.br/101112
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