São Paulo, terça-feira, 22 de maio de 2007

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Grupo radical é incógnita no xadrez libanês

GUSTAVO CHACRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE NOVA YORK


Um grupo radical sunita, no norte do Líbano e longe da fronteira com Israel. Uma organização fundada em novembro que emerge como o mais novo complicador na miríade de forças do Líbano.
Pouco se conhece e muito se especula sobre o Fatah al Islam. O que se sabe é que, segundo o seu manifesto de fundação, o grupo é contra Israel e o Ocidente. Seu líder, Shakir al Abssi, é um veterano da causa palestina que no passado admirava Iasser Arafat, mas que se aliou ao islamismo radical.
Ele fundou há seis meses o Fatah al Islam, ao desmembrar-se do Fatah al Intifadah, outra organização palestina. Na Jordânia, o líder é procurado pela morte de um diplomata americano, em 2002.
Aos 51 anos, Abssi vem ganhando espaço na mídia. Em março, deu entrevista ao jornal "New York Times". Sem vínculos conhecidos com lideranças palestinas na Cisjordânia e em Gaza, comanda cerca de 200 homens.
A maioria fica em campos de refugiados palestinos em Trípoli. Esta cidade da costa norte libanesa é majoritariamente sunita. Tradicionalmente, os sunitas de Trípoli são leais a famílias seculares, como a Karami -sobrenome de dois ex-premiês libaneses.
Diferentemente do xiita Hizbollah, que é composto por libaneses, o Fatah al Islam é predominantemente palestino, com alguns membros libaneses, além de jihadistas de outras nacionalidades que entraram no Líbano nos últimos meses.
Em seu mais recente relatório de contraterrorismo, o governo americano aponta o Fatah al Islam como o responsável pela explosão de dois ônibus em uma área cristã perto de Beirute, em fevereiro deste ano.
No cenário político libanês, o Fatah al Islam é uma incógnita. O pais hoje se divide em dois grupos. Um, do premiê Fuad Siniora, que é aliado dos EUA e da Arábia Saudita. O outro, do Hizbollah, ligado à Síria e ao Irã.
Em reportagem publicada em março na revista "New Yorker", o jornalista americano Seymour Hersh, considerado um dos mais bem informados dos EUA, afirmou que o Fatah al Islam faz parte de uma estratégia americana e saudita contra a emergência dos xiitas no Oriente Médio. O objetivo, diz Hersh, seria enfraquecer o Hizbollah e diminuir a influencia do Irã na região por meio de um grupo sunita no Líbano.
A outra hipótese é a de que o grupo seria ligado à Síria, que estaria apoiando o grupo para desestabilizar o Líbano com o intuito de voltar a dominar o pais, além de dificultar os trabalhos do tribunal da ONU para julgar os responsáveis pelo atentado que matou Rafik Hariri em 2005 -a Síria é a maior suspeita.
Sobra a Al Qaeda. A rede terrorista estaria colocando os pés no Líbano para combater o governo pró-Ocidente do premiê Fuad Siniora.


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