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Grupo radical é incógnita no xadrez libanês
GUSTAVO CHACRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE NOVA YORK
Um grupo radical sunita,
no norte do Líbano e longe
da fronteira com Israel. Uma
organização fundada em novembro que emerge como o
mais novo complicador na
miríade de forças do Líbano.
Pouco se conhece e muito
se especula sobre o Fatah al
Islam. O que se sabe é que,
segundo o seu manifesto de
fundação, o grupo é contra
Israel e o Ocidente. Seu líder,
Shakir al Abssi, é um veterano da causa palestina que no
passado admirava Iasser
Arafat, mas que se aliou ao islamismo radical.
Ele fundou há seis meses o
Fatah al Islam, ao desmembrar-se do Fatah al Intifadah,
outra organização palestina.
Na Jordânia, o líder é procurado pela morte de um diplomata americano, em 2002.
Aos 51 anos, Abssi vem ganhando espaço na mídia. Em
março, deu entrevista ao jornal "New York Times". Sem
vínculos conhecidos com lideranças palestinas na Cisjordânia e em Gaza, comanda cerca de 200 homens.
A maioria fica em campos
de refugiados palestinos em
Trípoli. Esta cidade da costa
norte libanesa é majoritariamente sunita. Tradicionalmente, os sunitas de Trípoli
são leais a famílias seculares,
como a Karami -sobrenome
de dois ex-premiês libaneses.
Diferentemente do xiita
Hizbollah, que é composto
por libaneses, o Fatah al Islam é predominantemente
palestino, com alguns membros libaneses, além de jihadistas de outras nacionalidades que entraram no Líbano
nos últimos meses.
Em seu mais recente relatório de contraterrorismo, o
governo americano aponta o
Fatah al Islam como o responsável pela explosão de
dois ônibus em uma área
cristã perto de Beirute, em
fevereiro deste ano.
No cenário político libanês, o Fatah al Islam é uma
incógnita. O pais hoje se divide em dois grupos. Um, do
premiê Fuad Siniora, que é
aliado dos EUA e da Arábia
Saudita. O outro, do Hizbollah, ligado à Síria e ao Irã.
Em reportagem publicada
em março na revista "New
Yorker", o jornalista americano Seymour Hersh, considerado um dos mais bem informados dos EUA, afirmou
que o Fatah al Islam faz parte
de uma estratégia americana
e saudita contra a emergência dos xiitas no Oriente Médio. O objetivo, diz Hersh, seria enfraquecer o Hizbollah e
diminuir a influencia do Irã
na região por meio de um
grupo sunita no Líbano.
A outra hipótese é a de que
o grupo seria ligado à Síria,
que estaria apoiando o grupo
para desestabilizar o Líbano
com o intuito de voltar a dominar o pais, além de dificultar os trabalhos do tribunal
da ONU para julgar os responsáveis pelo atentado que
matou Rafik Hariri em 2005
-a Síria é a maior suspeita.
Sobra a Al Qaeda. A rede
terrorista estaria colocando
os pés no Líbano para combater o governo pró-Ocidente do premiê Fuad Siniora.
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