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MISSÃO NO CARIBE
Resolução deve ser aprovada hoje pelo Conselho de Segurança e é mais restrita do que pretendia o Brasil
ONU fecha acordo para ficar mais no Haiti
PEDRO DIAS LEITE
DE NOVA YORK
O Conselho de Segurança da
ONU fechou ontem um acordo
para estender a missão de paz das
Nações Unidas no Haiti, chefiada
pelo Brasil, até o dia 15 de fevereiro do ano que vem, depois da posse do novo presidente do país. A
proposta de resolução deve ser
votada hoje pelo CS.
Embora represente uma vitória
da diplomacia brasileira depois
que a China ameaçou vetar a continuidade da missão, o acordo é
menos abrangente do que planejava a missão do Brasil na ONU.
Os brasileiros defendiam que a
missão de paz no Haiti fosse estendida por um ano, até o final do
primeiro semestre de 2006, para
dar um prazo maior ao novo governo para que começasse de fato
a administrar o país. Na semana
passada, o embaixador brasileiro
na ONU, Ronaldo Sardenberg,
disse que discutir novamente a renovação da missão justamente no
período da posse do novo presidente seria "pouco prudente".
Depois de muita negociação, a
China concordou em não vetar a
medida na votação de hoje. Os
chineses ameaçavam barrar a
continuidade da missão no país
em razão da aproximação do Haiti com Taiwan, considerada uma
Província rebelde por Pequim.
Mais soldados
O texto proposto prevê um aumento das forças da ONU no Haiti e fala ainda em uma possível renovação quando acabar o prazo.
Pela resolução, haverá um novo
grupo, com 750 militares, em Porto Príncipe. Será uma unidade de
reação rápida, para conter distúrbios na capital, uma das regiões
mais violentas do país. Ainda está
prevista a chegada de mais um
grupo de 150 militares para trabalhar na coordenação das ações da
missão, além do envio de 275 policiais das Nações Unidas.
No total, deve haver 7.500 militares mais 1.900 policiais civis da
ONU no país nos próximos meses, para tentar assegurar a segurança nas eleições e na posse.
As eleições haitianas estão agendadas para os dias 9 de outubro
(votações locais) e 13 de novembro (presidencial e legislativa).
Até o início deste mês, apenas
120 mil dos estimados 3,5 milhões
de eleitores do país já haviam se
registrado para votar. O prazo deve se encerrar em agosto, dois meses antes das eleições.
Evolução da crise
A crise política no Haiti atingiu
seu ápice quando o presidente
Jean-Bertrand Aristide foi obrigado a fugir de avião do país, em 29
de fevereiro de 2004. Sua queda
foi provocada por maciços protestos de rua, por um violento levante armado de ex-militares em
várias partes do país e pela pressão internacional, especialmente
dos EUA.
A missão de paz da ONU no
país foi criada um mês depois, pela resolução 1542, aprovada pelo
Conselho de Segurança no dia 30
de abril de 2004. O Brasil detém o
comando da missão militar desde
junho do ano passado, mês em
que as tropas brasileiras chegaram ao país sob a missão da ONU.
Comando da missão
Agora que o acordo foi fechado
para a permanência das forças
das Nações Unidas ao menos pelos próximos oito meses, segue
em andamento uma outra negociação, sobre o comando militar
da missão no Haiti.
Na semana passada, chegou ao
Haiti o terceiro contingente militar do Brasil, que mantém 1.200
homens no país. No último dia 14,
o general Augusto Heleno Pereira, que detém o comando geral
das operações militares da ONU
no país, disse que deseja deixar o
posto. "Estou há um ano no Haiti,
acho que é tempo suficiente. Aqui
não tem domingo, tem primeira-feira", falou a jornalistas.
O Brasil negocia a substituição
de Heleno por outro general brasileiro, mas deseja manter a liderança geral da missão. Até agora,
não há acordo sobre o comando
fechado, mas diplomatas, como o
embaixador Ronaldo Sardenberg,
dizem que essa é uma "hipótese
positiva".
Apesar das muitas críticas que
tem sofrido em razão do aumento
da criminalidade nos últimos
tempos, o Brasil considera a missão vitoriosa. "Você tem um aumento da criminalidade, inclusive
seqüestros, que não é bem um
problema das Nações Unidas, é
mais um problema da polícia do
Haiti", afirmou Sardenberg na semana passada.
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