|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Analista duvida de eleição no prazo
FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO
Dificilmente as eleições gerais
haitianas, com início em 9 de outubro, ocorrerão no cronograma
previsto se mantidas as precárias
condições de segurança, na avaliação de Mark Schneider, analista
do centro de análise International
Crisis Group, com sede em Washington, e co-autor de um estudo
sobre o problema da insegurança
no país caribenho. Leia, a seguir, a
entrevista concedida à Folha.
Folha - Qual é a mensagem aos
haitianos caso a ONU de fato renove a missão apenas até fevereiro?
Mark Schneider - A chave é estabelecer a segurança para que todos os outros elementos comecem a acontecer -investimento,
infra-estrutura, criação de empregos e preparação para as eleições.
É improvável que esses itens possam ocorrer até fevereiro, a não
ser que haja uma significativa melhoria da capacidade internacional em assegurar a segurança.
Folha - Há tempo para haver eleições no cronograma previsto?
Schneider - Eu espero que o
Conselho de Segurança, além de
estender o mandato, assegure
também um número maior de
policiais civis internacionais, mais
militares e uma campanha forte
para desarmar os grupos ilegais
desarmados. Se esses fatores
ocorrerem e houver um trabalho
de base para as eleições, poderá
haver uma votação. Por isso, é
crucial que CS aja nessa direção.
Neste momento, estamos tão distantes dessas condições que é improvável que as eleições ocorram
no cronograma atual. O tempo
está acabando, eles estão atrasados com relação ao próprio cronograma de preparação para as
eleições. É uma tarefa de todos.
Folha - O sr. defende que a ONU
tenha poder sobre a polícia?
Schneider -A polícia internacional civil sob a missão de paz deve
ter autoridade executiva sobre a
polícia quando forem encontrados indivíduos responsáveis por
crimes dentro da polícia, para que
sejam suspensos imediatamente.
Folha - O tempo do mandato é
uma questão menor?
Schneider - É muito menos importante do que o tipo de autoridade que [missão de paz] venha a
ter durante esse período. E claramente eles terão de prorrogar novamente em fevereiro.
Folha - O comandante militar da
missão, general Augusto Heleno
Pereira, tem ressaltado o problema
da falta de investimentos sociais a
partir do dinheiro prometido por
doadores internacionais.
Schneider - Ele está certo, é precisa haver mais sinais no campo
de atividade, de trabalho, assistência médica, recursos, tudo isso
é necessário. Mas muitas dessas
medidas dependem de uma
maior segurança. No curto prazo,
a segurança é a prioridade.
Texto Anterior: ONU fecha acordo para ficar mais no Haiti Próximo Texto: Diplomacia: Vietnamita encara protesto em visita histórica aos EUA Índice
|