São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 2005

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Analista duvida de eleição no prazo

FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO

Dificilmente as eleições gerais haitianas, com início em 9 de outubro, ocorrerão no cronograma previsto se mantidas as precárias condições de segurança, na avaliação de Mark Schneider, analista do centro de análise International Crisis Group, com sede em Washington, e co-autor de um estudo sobre o problema da insegurança no país caribenho. Leia, a seguir, a entrevista concedida à Folha.

 

Folha - Qual é a mensagem aos haitianos caso a ONU de fato renove a missão apenas até fevereiro?
Mark Schneider -
A chave é estabelecer a segurança para que todos os outros elementos comecem a acontecer -investimento, infra-estrutura, criação de empregos e preparação para as eleições. É improvável que esses itens possam ocorrer até fevereiro, a não ser que haja uma significativa melhoria da capacidade internacional em assegurar a segurança.

Folha - Há tempo para haver eleições no cronograma previsto?
Schneider -
Eu espero que o Conselho de Segurança, além de estender o mandato, assegure também um número maior de policiais civis internacionais, mais militares e uma campanha forte para desarmar os grupos ilegais desarmados. Se esses fatores ocorrerem e houver um trabalho de base para as eleições, poderá haver uma votação. Por isso, é crucial que CS aja nessa direção. Neste momento, estamos tão distantes dessas condições que é improvável que as eleições ocorram no cronograma atual. O tempo está acabando, eles estão atrasados com relação ao próprio cronograma de preparação para as eleições. É uma tarefa de todos.

Folha - O sr. defende que a ONU tenha poder sobre a polícia?
Schneider -
A polícia internacional civil sob a missão de paz deve ter autoridade executiva sobre a polícia quando forem encontrados indivíduos responsáveis por crimes dentro da polícia, para que sejam suspensos imediatamente.

Folha - O tempo do mandato é uma questão menor?
Schneider -
É muito menos importante do que o tipo de autoridade que [missão de paz] venha a ter durante esse período. E claramente eles terão de prorrogar novamente em fevereiro.

Folha - O comandante militar da missão, general Augusto Heleno Pereira, tem ressaltado o problema da falta de investimentos sociais a partir do dinheiro prometido por doadores internacionais.
Schneider -
Ele está certo, é precisa haver mais sinais no campo de atividade, de trabalho, assistência médica, recursos, tudo isso é necessário. Mas muitas dessas medidas dependem de uma maior segurança. No curto prazo, a segurança é a prioridade.


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