São Paulo, domingo, 22 de junho de 2008

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Gasolina em alta domina debate eleitoral no país

DE WASHINGTON

Depois de definidos os dois candidatos majoritários, é o preço da gasolina, não a Guerra do Iraque nem a crise imobiliária, que domina a atual campanha presidencial norte-americana. Essa é a conclusão do mais recente estudo semanal realizado pelo Project for Excellence in Journalism (projeto pela excelência do jornalismo, PEJ, na sigla em inglês).
Segundo o levantamento da ONG que estuda o comportamento da imprensa norte-americana durante as eleições, entre 9 e 15 de junho o preço do combustível (6%) bateu a guerra (5%), a saúde pública e a imigração (1% cada) como principal assunto do noticiário de campanha. O tema dominou os discursos e entrevistas tanto de Barack Obama quanto de John McCain.
O motivo é simples: em 1998, os gastos com combustível consumiam 1,9% das finanças da família do norte-americano médio, segundo a empresa Global Insight; hoje, o gasto equivale a 4%. Nesse verão do Hemisfério Norte, o preço da gasolina nos postos dos Estados Unidos passa dos US$ 4 o galão -ou R$ 1,4 por litro. É um recorde histórico.
Daí o republicano McCain ter lançado já no começo do ano o que chamou de "férias para o imposto federal da gasolina", proposta em que esse tipo de tributo deixa de ser cobrado durante os meses mais quentes -e de maior consumo de gasolina, por conta, entre outros fatores, das viagens familiares durante as férias escolares.
A repercussão do plano -uma adaptação dele foi defendida pela então pré-candidata democrata Hillary Clinton durante as primárias da Pensilvânia, em abril, e pesquisas sugerem que a proposta contribuiu para a vitória da senadora no Estado- levou os partidos a retomarem o tema.

Alto-mar
Na última semana, o presidente George W. Bush propôs ao Congresso que seja suspenso o boicote à extração de petróleo em alto-mar, em vigor há 27 anos. A medida não tem chance de passar no Legislativo, controlado pela oposição democrata, mas foi defendida prontamente por McCain e pelo governador da Flórida, Charlie Crist, um dos nomes cotados para vice do republicano.
O entusiasmo se explica. Caso esse tipo de exploração seja liberado, a Flórida será um dos locais que mais se beneficiará da medida. Nas eleições de novembro, os preciosos votos no Colégio Eleitoral daquele Estado-pêndulo, sem orientação política definida, podem decidir quem será o novo presidente dos EUA. Dos 270 votos dos 50 Estados, 10% são da Flórida.
De acordo com levantamento feito pelo instituto de pesquisa Rasmussen, 64% dos floridianos que votam se declararam a favor da medida. Entre os republicanos que moram no Estado, a aprovação foi maciça (85%), mas a surpresa veio dos democratas: 45% dos eleitores de Barack Obama apóiam a exploração, que é criticada pelo seu próprio candidato.
Até 2006, o governador Charlie Crist era radicalmente contra. Não mais. (SD)


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