São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2008

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Líder estudou psiquiatria e fazia poemas

DA REDAÇÃO

Poucos personagens depois da derrota do nazismo estiveram tão associados a operações sistemáticas de extermínio por motivos étnicos quanto Radovan Karadzic, 63, dirigente bósnio e grande responsável pelo genocídio da população muçulmana na ex-Iugoslávia.
Nascido na atual República de Montenegro, seu pai passou parte de sua juventude na prisão por ter integrado na Segunda Guerra um grupo guerrilheiro que se opunha aos alemães e ao Exército clandestino do futuro dirigente comunista, Josip Broz Tito.
Mudou-se para a capital bósnia, Sarajevo, onde se formou em medicina e se especializou em psiquiatria. Aperfeiçoou-se entre 1974 e 1975 na Universidade Columbia, em Nova York, integrando, de volta a seu país, a equipe de um grande hospital público e trabalhando como consultor psicológico de um time de futebol. Publicou então um livro de poemas.
Foi aconselhado a entrar na vida pública pelo escritor sérvio Dobrica Cosic, quando a morte de Tito, em 1980, despertou entre as oito Repúblicas iugoslavas sentimentos de rivalidade e nacionalismo, sobretudo com Slobodan Milosevic, pai do projeto de uma "Grande Sérvia" que atropelaria as nacionalidades vizinhas.
Como protegido de Milosevic, Karadzic iria se tornar na Bósnia o principal dirigente do Partido Democrático Sérvio. Com a ajuda do governo sérvio, passou a criar bolsões autônomos e a armar bósnios cristãos.
Com a eclosão da Guerra Civil, em 1992, os bósnios de etnia sérvia, auxiliados por Milosevic, conquistaram dois terços do território da Bósnia, por meio da superioridade bélica e da chamada "limpeza étnica".
Karadzic, já criminoso de guerra, se torna presidente da chamada República Sérvia na Bósnia e comandante de suas forças militares, que mantiveram um cerco de 44 meses a Sarajevo. Em 1995 suas forças assassinaram milhares de homens e adolescentes em Srebrenica.
Diante da imobilidade dos europeus, os EUA assumem por meio da Otan -aliança militar ocidental- as operações de bombardeio dos encraves leais a Karadzic, que acaba foragido em 1996.


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