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ANÁLISE SANÇÕES
China é a sombra por trás da Coreia do Norte
Medidas dos EUA são claro aviso de que não tolerarão novas ameaças à defesa e à segurança da Coreia do Sul
CENÁRIO DE INTERVENÇÃO MILITAR NÃO PODE SER IGNORADO, POIS PYONGYANG CRÊ QUE PEQUIM SAIRÁ EM SEU AUXÍLIO
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Mark Wilson/Associated Press
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Soldado norte-coreano observa a zona desmilitarizada
ALEXANDRE RATSUO UEHARA
ESPECIAL PARA A FOLHA
A decisão norte-americana de fazer exercícios militares no próximo dia 25 de julho em águas asiáticas servirá para sinalizar ao governo
da Coreia do Norte o seu compromisso com a defesa e a segurança da Coreia do Sul.
Esse sinal está direcionado
não apenas para o atual ditador norte-coreano, Kim Jong-il. O governo de Washington
também busca advertir o futuro governante do país, que
deverá assumir em setembro
deste ano.
Mas uma análise desse
exercício deve levar em consideração também os interesses de outro importante ator
internacional -a China.
Ele é apontado como resposta ao afundamento do navio militar sul-coreano, em
março passado, que teria sido causado por um torpedo
norte-coreano.
Trata-se também de um
alerta de Washington a
Pyongyang.
Apesar de todos os avanços obtidos no campo militar
ao longo da primeira década
do século 21, chegando à realização de testes com míssil
de longo alcance e da explosão nuclear em outubro de
2006, novas aventuras militares de Pyongyang contra
Seul não serão aceitas.
O grande problema das
ações dos EUA é que elas não
têm se mostrado efetivas para conter as ações norte-coreanas. Por outro lado, o
anunciado exercício conjunto com forças sul-coreanas
gera tensões com a China.
Neste ano, Pequim deverá
se consolidar como a segunda potência econômica mundial e tem buscado se afirmar
como liderança regional.
RELAÇÕES BILATERAIS
Portanto, ações contra
Pyongyang, de quem hoje
Pequim é a principal parceira, afetam diretamente os interesses chineses.
A reprovação dos exercícios militares por parte de Pequim não abalará, neste momento, as relações bilaterais
com Washington, pois ambos os governos têm profundos interesses econômicos
convergentes.
Atualmente, os EUA são o
principal mercado para a
China; em contrapartida, o
governo chinês é um dos
grandes credores do governo
norte-americano.
FUTURO NÃO DESEJADO
Porém, as ações dos EUA
têm se tornado pouco efetivas em relação à Coreia do
Norte. E, caso ocorra nova
ameaça por parte de Pyongyang, Washington poderá ter
de recorrer a uma intervenção militar.
Apesar de indesejado, esse
cenário não pode ser ignorado, pois Pyongyang não tem
se intimidado e considera
que o governo de Pequim sairá em seu auxílio. Por isso, é
importante colocar que, cada
vez mais, os americanos não
podem ignorar os interesses
da China, que, além de economicamente importante, é
uma potência nuclear.
ALEXANDRE RATSUO UEHARA é
pesquisador do Nupri/USP e professor no
curso de relações internacionais das
Faculdades Integradas Rio Branco (SP)
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