São Paulo, sexta-feira, 22 de julho de 2011

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Violência aumenta em reduto de gangues na capital do Haiti

Bel Air, que foi 'pacificada' pelo Brasil, teve triplo de homicídios

CAROLINA MONTENEGRO
DE SÃO PAULO

Após o terremoto que atingiu o Haiti em janeiro de 2010, deixando 316 mil mortos e 1,5 milhão de desabrigados, o crime voltou a várias áreas do país. Em 2010, foram registrados 68 assassinatos em Bel Air, o principal bairro da capital, Porto Príncipe. É um aumento de três vezes em relação ao ano anterior, segundo a ONG Viva Rio, que atua no Haiti desde 2004.
Em 2009, a taxa de homicídio nesta favela foi de 23 mortes. Antes disso, a criminalidade mostrava queda gradual. Em 2008, foram 14 homicídios; em 2007, 17.
Área considerada "vermelha" na nomenclatura de segurança da ONU, a favela foi a primeira pacificada por pelotões brasileiros no Haiti, em 2005. Microcosmo do país, Bel Air retrata a insegurança no pós-terremoto.
"Houve um aumento da criminalidade após o terremoto porque o cenário mudou. O desemprego aumentou, as pessoas ficaram sem comida, sem casa. Também houve uma fuga imensa de presidiários", disse o coronel Ubiratan Angelo, coordenador de Segurança Humana da Viva Rio no Haiti.
A penitenciária nacional foi destruída pelos tremores e 6.000 detentos escaparam, em Porto Príncipe. O governo haitiano e a ONU não têm estatísticas. Mas a porta-voz da Minustah (missão da ONU no Haiti liderada pelo Brasil), Sylvie van den Wildenberg, confirmou à Folha o impacto do terremoto na segurança.
"O terremoto levou a um novo caos, e criminosos tentaram retomar suas redes de atuação", afirmou. Segundo ela, operações da ONU com a polícia local reduziram a criminalidade até 2009.
"Graças à presença de quase 9.000 capacetes azuis e 3.000 policiais, os crimes são menores. Nossa ação dissuasiva é definitivamente crucial aqui", afirmou Wildenberg.
A ONG International Crisis Group também divulgou em junho o relatório "Haiti no pós-terremoto" alertando sobre o retorno de gangues armadas nas favelas no sul de Porto Príncipe e o aumento da violência sexual contra mulheres e crianças nos campos de deslocados, montados após o terremoto.
A assessoria do batalhão brasileiro no Haiti (Brabatt 1) informou que a situação atual na capital do país é estável e "está sob controle".
A questão da segurança no Haiti volta à tona no momento em que o Brasil debate reduzir sua presença militar na Minustah (2.100 homens).
Em outubro, o mandato da força está sujeito à renovação pelo governo haitiano, que anunciou planos para recriar o Exército, extinto desde 95.

Colaborou LUIS KAWAGUTI


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