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Brasil não fez pedido para ter documentos
DE WASHINGTON
Durante os anos 90, parte da
história do regime militar brasileiro foi liberada nos EUA graças
aos esforços de outros governos
da América Latina - como Chile,
Argentina, Guatemala e El Salvador. Na administração Bill Clinton (1993-2000), governos e associações civis desses países apresentaram pedidos oficiais e fizeram pressões para que os EUA
tornassem públicos documentos
sobre abusos de direitos humanos
nos regimes de exceção.
Diferentemente desses países, o
Brasil nunca apresentou um único pedido, embora a relação entre
o presidente Fernando Henrique
Cardoso e Clinton pudesse ter dado força maior a uma eventual requisição formal brasileira.
As chances do país diminuíram
desde a posse do presidente George W. Bush, cujo governo tem se
empenhado em restringir a publicidade de arquivos e a transparência de atos da administração.
Carlos Osorio, diretor da organização acadêmica independente
que apoiou o pedido de liberação
dos documentos argentinos (a
National Security Archives, da
George Washington University),
acredita que a inexistência de um
pedido do Brasil se deva não somente ao perfil negociado da
transição política no país, que teve tutela militar, mas também à
inação da sociedade civil.
"Esse movimento começa com
uma pressão da sociedade civil e
do Judiciário desses países. Depois, caminha para os setores do
Executivo", disse ele.
Mesmo assim, o Brasil foi beneficiado por esforços alheios. Em
1999, quando os documentos sobre a ditadura chilena foram liberados, descobriu-se que o país
participou com restrições da Operação Condor -o acordo de cooperação anti-subversiva entre governos militares da região.
Embora tenha aceitado juntar-se ao acordo original entre Chile e
Argentina para fundar essa parceria, o governo brasileiro teria se
oposto à realização de assassinatos na Europa e não demonstrava
tanto ânimo com suas atividades
quanto seus sócios. Os EUA viam
o Brasil como um país que preferia uma colaboração no nível das
relações bilaterais.
(MA)
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