São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2004

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SOCIEDADE

Chance de adolescentes ficarem bêbados e se drogarem cresce se amigos são sexualmente ativos, diz pesquisa

Estudo americano mapeia efeito das "más companhias"

COURTNEY RADSCH
DO "NEW YORK TIMES"

O ditado "diga-me com quem andas e eu te direi quem és" ganhou significado adicional na última quinta-feira, com a divulgação de um estudo americano indicando que os adolescentes cujos amigos são sexualmente ativos apresentam probabilidade maior de fumar, beber ou se drogar.
Adolescentes com ao menos 50% de seus amigos sexualmente ativos têm 31 vezes mais chances de se embebedar, 5,5 vezes mais chances de fumar e 22,5 vezes mais chances de já terem usado maconha, diz o estudo, divulgado pelo Centro Nacional de Dependência e Abuso de Substâncias, da Universidade Columbia.
"A mensagem para os pais é clara", disse o presidente do centro, Joseph Califano Jr. "O trovão da atividade sexual e dos namoros adolescentes pode assinalar os raios do abuso de álcool e de drogas." Califano disse que os resultados não indicam que a atividade sexual causa abuso de drogas e/ou álcool ou vice-versa, mas sim que apontam o aumento desse risco.
Ele disse que 14,1 milhões de jovens de 12 a 17 anos nos EUA correm risco médio ou alto de abusar de drogas ou álcool e que esse risco está "estreitamente vinculado" à atividade sexual e ao namoro.
Um adolescente que passa 25 horas ou mais por semana na companhia da namorada tem cinco vezes mais chances de se embriagar e 4,5 vezes mais chances de consumir maconha do que um colega que passa menos de dez horas semanais com a namorada, constatou a pesquisa.
Entre os adolescentes entrevistados, 31% disseram estar namorando, fator que aumenta seu índice de risco médio. O estudo também constatou que meninas que namoram garotos pelo menos dois anos mais velhos do que elas têm duas vezes mais probabilidade de beber, 4,5 mais chances de fumar e seis vezes mais chances de se embriagar ou de terem experimentado maconha.
A pesquisa indicou que 11,5 milhões de adolescentes têm amigos que descarregam pornografia da internet e que um adolescente cujos amigos, em sua maioria, o fazem, apresenta três vezes mais chances de fumar, beber ou usar drogas do que um adolescente que não tem amigos que o fazem.
Steve Wagner, da QEV Analytics, que realizou a pesquisa, disse que o estudo, a nona Pesquisa Nacional sobre Atitudes Americanas em Relação ao Abuso de Drogas e Álcool, perguntou sobre as atitudes manifestadas pelos amigos dos entrevistados, em lugar de perguntar sobre o comportamento dos próprios entrevistados.
Wagner explicou: "O teen que diz a você que mais da metade dos amigos fuma maconha tem chances muito maiores de já ter experimentado a droga".
Califano disse que uma constatação permanece a mesma desde o primeiro estudo, de 1995: o alto grau de omissão dos pais em relação aos filhos adolescentes e às drogas. A pesquisa sugere uma maneira simples de os pais reduzirem a probabilidade de seus filhos fumarem, beberem ou se drogarem: jantar com eles.
Os adolescentes que jantam com a família menos de duas vezes por semana tem 50% mais chances de exagerar no consumo de drogas e álcool do que aqueles que jantam com seus pais cinco ou mais vezes por semana.
Foram entrevistados mil adolescentes e 500 pais, em telefonemas aleatórios. O relatório está no www.casacolumbia.org.


Tradução de Clara Allain


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