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Tbilisi admite que errou seu cálculo sobre reação russa
JAN CIENSKI
DO "FINANCIAL TIMES", EM TBILISI
A Geórgia não acreditava que
a Rússia reagiria à sua ofensiva
na região separatista da Ossétia
do Sul e foi apanhada totalmente despreparada pelo contra-ataque russo, admitiu o ministro-assistente da Defesa.
Batu Kutelia disse ao "Financial Times" que seu país decidira capturar Tskhinvali, a capital ossetiana, mesmo sem ter
armas antitanque e antiaéreas
suficientes. "Infelizmente, demos baixa prioridade a esses
equipamentos", declarou, sentado diante de uma parede com
bandeiras da Geórgia e da Otan,
a aliança militar ocidental, da
qual seu país não faz parte.
O Exército georgiano de 20
mil soldados, construído ao
custo de US$ 2 bilhões com a
ajuda de instrutores americanos e equipamento descartado
pelos membros do antigo Pacto
de Varsóvia, estava organizado
para enfrentar conflitos pequenos com os encraves separatistas e para contribuir em missões internacionais como a
ocupação do Iraque (o que reforça os elos com o Ocidente). A
Rússia não estava nos planos.
Para Kutelia, a culpa cabe aos
russos e aos ossetianos. Ele diz
que, no início do mês, combatentes ossetianos começaram a
disparar contra aldeias e posições militares georgianas e que
a Rússia passou a transferir
blindados para a Província russa da Ossétia do Norte antes de
o presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, ordenar o
avanço de suas tropas, no dia 7.
Mas não oferece prova de nada.
Segundo ele, os danos à infra-estrutura militar da Geórgia foram "significativos" e será necessária assistência estrangeira
para reconstruir as capacidades defensivas georgianas.
Tropas russas ocuparam
muitas bases militares georgianas. Confiscaram veículos
Humvee de fabricação americana, explodiram embarcações
da guarda costeira, destruíram
posições de radar e outras instalações de defesa e teriam
também capturado tanques, armas e munição georgianos.
Moscou não indicou que pretenda devolver esse material.
O custo do despreparo pôde
ser visto no sepultamento, nesta semana, de sete soldados
mortos nos combates. Cerca de
20 soldados em uniformes de
camuflagem, e um usando calças de moletom, assistiam à
sombra de uma árvore enquanto uma escavadeira recobria de
terra arenosa a longa trincheira
em que os seus colegas de armas estavam sendo enterrados.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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