São Paulo, domingo, 22 de setembro de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Líder continua cercado

Explosão lança "chuva" de poeira sobre Arafat

DA REDAÇÃO

Tanques israelenses chegaram a dez metros de distância do escritório onde está Iasser Arafat, isolado em um dos últimos prédios ainda de pé do seu quartel-general em Ramallah (Cisjordânia). Cercado, o presidente da Autoridade Nacional Palestina disse que não se renderá.
Um tiro de um tanque israelense atingiu o piso localizado sobre seu escritório na noite de sexta, provocando uma "chuva" de poeira sobre Arafat.
Um alto funcionário palestino, Iasser Abd Rabbo, disse que a vida de Arafat está ameaçada e pediu a árabes, EUA e União Européia que impeçam a ação de Israel contra o líder palestino. O CS da ONU deve se reunir na segunda para discutir o novo cerco ao QG de Arafat. "Ele e seus aliados estão confinados em três salões", disse Rabbo à agência egípcia Mena.
O Exército israelense destruiu também uma passarela que liga o edifício que abriga os escritórios de Arafat a uma sala de recepção, isolando-o ainda mais. Dezenove homens que estavam nessa sala de recepção se renderam.
"O quarto em que estávamos com Arafat sacudiu. O vidro quebrou, destroços e poeira de fora encheram o lugar", disse um oficial por telefone à agência de notícias Reuters de dentro do prédio.
"Arafat estava preocupado, mas não posso dizer que estava abalado. Ficou muito bravo quando soube que alguns homens da segurança foram atingidos."
Enquanto escavadeiras e tanques continuavam a destruir os prédios, Arafat emitiu um novo apelo a militantes palestinos para que parem com os ataques a Israel. Israel acusa-o de não atuar para impedir ataques terroristas.
Para Arafat, o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, utiliza os atentados como pretexto para obter concessões de palestinos à força. "Estamos prontos para a paz, não para a rendição", disse.
Segundo testemunhas, 5.000 palestinos, alguns armados e com fotos de Arafat, fizeram uma passeata em Rafah. Também houve protestos em Ramallah e Jenin.
O cerco ao quartel-general de Arafat começou depois que dois atentados suicidas palestinos mataram seis pessoas na semana passada. A maior parte do quartel-general de Arafat foi destruída numa operação que busca capturar 20 militantes palestinos que Israel diz estar no complexo.
Segundo auxiliares, Arafat passou boa parte da noite telefonando a líderes mundiais e árabes, pedindo que interviessem para impedir o ataque a seu escritório.
A França pediu o fim imediato do que descreveu como uma situação "horrível". "Novamente pedimos às autoridades israelenses que não façam nada que possa ferir fisicamente Arafat e os oficiais que o cercam", disse o Ministério de Relações Exteriores francês. "Lamento a escalada de violência", disse o chefe de política exterior da UE, Javier Solana.


Com agências internacionais









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