São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Na ONU, presidente justifica decisão de derrubar Saddam e cobra colaboração para dar segurança ao Iraque

Bush defende a guerra, mas pede ajuda

LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK

O presidente dos EUA, George W. Bush, defendeu ontem, na Assembléia Geral da ONU, sua decisão de invadir o Iraque e derrubar o ditador Saddam Hussein -ação que não teve o aval das Nações Unidas. Em um discurso de 25 minutos (nove além do previsto), ele não mencionou as turbulentas relações entre Washington e a ONU, mas pediu que a entidade ajudasse mais na reconstrução de um Iraque "seguro, democrático, federal e livre".
Bush voltou a dizer que a situação atual do Iraque é boa, apesar dos evidentes problemas.
O presidente exortou outros países a participarem do esforço americano para "espalhar a liberdade" pelo mundo. Propôs ainda a criação de um fundo para financiar iniciativas de fomento à democracia no mundo, por meio de treinamento, consultoria e capacitação financeira de governos e sociedade civil. A platéia manteve-se silenciosa e limitou-se a aplaudir com polidez no final. Leia a seguir os principais trechos.

 

Unilateralismo no Iraque "Meu país é grato aos soldados de vários países que nos ajudaram a livrar o povo iraquiano de um ditador criminoso. O ditador (...) ignorou por mais de uma década as resoluções da ONU. O Conselho de Segurança prometeu conseqüências graves à desobediência dele. Os compromissos que assumimos têm de ter significado. Quando dizemos "conseqüências graves", pelo bem da paz, deve haver conseqüências graves. Foi quando uma coalizão de países fez cumprir as justas demandas do mundo."

Iraque e Afeganistão hoje "A liberdade está encontrando seu caminho no Iraque e no Afeganistão, e nós devemos continuar mostrando nosso compromisso com a democracia nesses países... O trabalho pela frente exige muito, mas as dificuldades não abalarão nossa convicção de que o futuro do Iraque e do Afeganistão é de liberdade. A resposta apropriada à dificuldade não é a retirada, é prevalecer."

Guerra ao terror "Cada país que busca a paz tem a obrigação de ajudar a construir este mundo. No final das contas, não há isolamento a salvo das redes terroristas ou dos Estados falidos que as abrigam, ou dos regimes criminosos que possuem armas de destruição em massa. (...) No último ano, os terroristas atacaram delegacias, bancos, trens suburbanos e sinagogas e uma escola repleta de crianças. Todos as nações civilizadas estão juntas nesta luta e todas devem combater os assassinos."

Sudão "O mundo testemunha sofrimentos terríveis e crimes horríveis em Darfur, crimes que o meu governo conclui se tratar de genocídio... Cumprimentamos os membros do Conselho de Segurança por essa decisão necessária [emitir uma resolução sobre o conflito no país exortando o governo a agir]. Eu exorto o governo do Sudão a honrar o cessar-fogo."

Oriente Médio "Por muito tempo, muitos países, como o meu, toleraram e até desculparam a opressão no Oriente Médio em nome da estabilidade. A estabilidade nunca chegou. Devemos tomar uma nova posição. Esse compromisso com a democracia é essencial para resolver o conflito árabe-israelense. A paz não será obtida por líderes palestinos que intimidam a oposição, toleram a corrupção e mantêm laços com terroristas."


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